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SANTA CRUZ

Com quase R$ 6 milhões a receber das vendas de Keno, Raniel e João Victor, Santa Cruz pretende levar casos para a CNRD

Presidente coral comentou sobre valores durante reunião do Conselho

postado em 01/05/2021 17:30 / atualizado em 01/05/2021 18:23

<i>(Foto: Ricardo Fernandes/DP Foto; Divulgação/SCFC)</i>
Não é novidade que o Santa Cruz atravessa uma situação financeira delicada. Ausência de público, eliminações precoces e débitos anteriores vêm comprometendo o orçamento da instituição - que foi projetado nesta quinta-feira (29) levantando a bandeira da austeridade. A realidade complicada é agravada pelo não recebimento de valores acordados em negociações com outras equipes. Tanto que, até hoje, o clube ainda não recebeu quantias relacionadas às transferências dos jogadores Raniel, Keno e João Victor, que, juntas, totalizam R$ 5,8 milhões - e, assim, pretende levar os casos à Câmara Nacional da Resolução de Disputas (CNRD).  

Na reunião do Conselho Deliberativo coral, que aprovou, além do balanço financeiro de 2020, o orçamento da temporada vigente, o presidente do Santa Cruz, Joaquim Bezerra, comentou sobre os valores em aberto. “Temos R$ 700 mil, da venda do João Victor, não recebidos até hoje. Nós temos crédito da venda de Keno, do São José-RS, de R$ 1,2 milhão. Nós temos, ainda, de Raniel, com o Cruzeiro, R$ 3,9 milhões a receber", disse.

Para entender o contexto e situação das dívidas, a reportagem do Esportes DP conversou com representantes do Santa Cruz e recorreu à matérias publicadas na época das negociações de Keno, Raniel e João Victor para traçar o contexto das vendas. 

Conforme publicado no Diario de Pernambuco em novembro de 2016, o Santa Cruz era dono de 30% da negociação por uma taxa de vitrine estipulada em contrato de Keno - de acordo com Joaquim Bezerra, o valor de R$ 1,2 milhão não recebido é referente à venda do São José ao Palmeiras, especulada em £ 860 mil no período. À época, foi estimado que o montante beirava os R$ 700 mil, porém as cifras não foram divulgadas oficialmente pela antiga gestão coral - vale registrar as nuances por correções monetárias e juros. 

Quanto à venda de Raniel, em janeiro de 2017, como de praxe, também não houve a divulgação de valores. Na transferência, o Cruzeiro adquiriu 70% dos direitos econômicos do meia, dos quais 30% pertenciam ao tricolor. Segundo apuração do Diario, à época, o Santa Cruz faturou R$ 2 milhões.

Porém, de acordo com o que foi dito por Joaquim Bezerra na reunião do Conselho Deliberativo do Tricolor, o montante não recebido beira os R$ 4 milhões. No caso, com o passe estipulado em R$ 12 milhões, os mineiros adquiriram os 30% dos direitos econômicos do atleta, que era do Santa Cruz. Pouco tempo depois, o atleta foi negociado com o São Paulo por R$ 14 milhões.

Já a venda de João Victor ao Vitória tomou os noticiários recentemente e é de conhecimento público. Firmado em 2019, o negócio, dividido em oito parcelas, só contou com o pagamento integral de um vencimento. Em entrevista à Rádio Clube, em março, o mandatário tricolor, Joaquim Bezerra, revelou detalhes do imbróglio. 

“O Vitória tem um valor, sem atualização, de 700 mil reais para pagar do João Victor, e nós vamos estar, na próxima semana, ingressando com os recursos jurídicos para poder receber esse valor. Eles já tiveram tempo suficiente para fazer a negociação e não fizeram. Agora, a gente vai apelar para o Tribunal Desportivo para que eles possam, então, efetivar o pagamento”, esclareceu.

Com a pandemia, o Vitória suspendeu o pagamento de 50% dos direitos econômicos do jogador. Ao retornar com as obrigações, em agosto, quitou a primeira parcela. Até o momento, foi o único valor que entrou na conta do Santa Cruz. 

SANTA LEVARÁ PARA A JUSTIÇA

Questionado pela reportagem sobre as possíveis medidas cabíveis para garantir os montantes, Joaquim Bezerra deixou claro que o próximo passo é “levar os casos para a Câmara Nacional da Resolução de Disputas (CNRD) da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)”. O órgão é uma ferramenta disponível aos clubes para garantir o direito de vendas e negociações de atletas no país. 

Embora tenha tentado entrar em contato via chamadas por telefone com o vice-presidente jurídico do clube, André Frutuoso, a reportagem não foi atendida até o momento. 





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