Fora de controle: brigas de torcedores marcam primeiros jogos após emboscada ao ônibus do Fortaleza
Tanto em Náutico x Sport quanto em Central x Santa Cruz, pela última rodada da 1ª fase do Estadual, sábado (24) tivemos registros de confusões entre torcedores
Torcedores do Sport causaram tumulto e correria nas imediações do estádio dos Aflitos (Foto: Reprodução Redes Sociais )
Nada de paz nos primeiros jogos do futebol pernambucano após a emboscada ao ônibus do Fortaleza pela principal torcida organizada do Sport na última quarta-feira (21), após jogo pela Copa do Nordeste. Aliás, está difícil jogos grandes aqui no estado sem algum tumulto. Tanto em Náutico x Sport quanto em Central x Santa Cruz, pela última rodada da 1ª fase do Estadual, tivemos registros de confusão. Na Capital do Forró, houve correria nas imediações do Lacerdão, além de objetos arremessados por torcedores dentro do estádio.
Já após o Clássico dos Clássicos também no sábado (24), que terminou com vitória do Náutico por 1 a 0, gol de Patrick Allan, vários vídeos circularam nas redes sociais com correria e pancadaria envolvendo torcedores do Sport nas ruas próximas ao estádio dos Aflitos. Alguns trajavam a camisa amarela da uniformizada, outros usavam as cores do clube. Uma hamburgueria nas imediações precisou fechar as portas às pressas.
Isso horas depois de o Sport entrar em campo com a camisa do Fortaleza antes de a bola rolar contra o Náutico em um gesto de união e repúdio à violência no futebol. Uma faixa segurada pelos jogadores do Sport transmitia a mensagem: "Nosso maior rival é o crime. Quem ataca o futebol, ataca todos nós." Como punição pelo ataque, o Sport jogará de portões fechados e sem sua torcida como visitante em competições organizadas pela CBF.
Através de nota, a Polícia Civil de Pernambuco informou que não houve, até o momento, registro de Boletins de Ocorrência relacionados às imagens dos conflitos entre torcedores de uma mesma torcida ocorridos na noite do último sábado (24). As investigações estão a cargo da Delegacia de Polícia de Repressão à Intolerância Esportiva. Já a Polícia Militar disse, através do 13º Batalhão, que registrou uma ocorrência de tumulto após Clássico dos Clássicos, com tentativa de invasão a um coletivo, por cerca de 200 torcedores da torcida organizada do Sport. Viaturas do BPTran contiveram a situação e escoltaram os envolvidos pela Avenida Norte, até a dispersão.
Vale a pena ressaltar também que, na última sexta-feira (23), uma grande reunião envolvendo autoridades policiais, justiça, clubes (Sport, Náutico e Santa Cruz) e Federação Pernambucana foi realizada para tratar do assunto violência no futebol. Participaram do encontro a Secretaria de Defesa Social (SDS), a Casa Civil do Governo do Estado, a Secretaria de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Regional (Seplag), Tribunal de Justiça, Ministério Público, OAB e Comissão de Segurança da Alepe, além das Forças de Segurança.
Na pauta, além do atentado ao ônibus dos jogadores do Fortaleza, foram tratadas medidas que auxiliem na identificação de quem se passa por torcedor para cometer crimes, como por exemplo, ingresso personalizado e intransferível, já utilizado em shows, cadastro dos torcedores pelos clubes, restrições sobre torcidas organizadas, reforço de escolta policial dos times visitantes e implantação de câmeras de reconhecimento facial nos estádios.
“Solicitamos que os clubes nos auxiliem com a logística dentro dos estádios através da instalação de pontos de internet e de energia, bem como sala para acomodação dos equipamentos. Quem tiver mandado de prisão em aberto dentro dos estádios será capturado”, assegurou o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, acompanhado pela secretária executiva, Dominique de Castro Oliveira, que coordena o Grupo de Trabalho (GT) Futebol da SDS; o comandante da PM, coronel Ivanildo Torres; e o chefe da Polícia Civil, delegado Renato Rocha, entre outros representantes das Forças de Segurança.
Outra medida importante solicitada aos clubes pernambucanos foi que os ingressos sejam identificados e que não possam ser transferidos, a exemplo do que já ocorre em outros estados. “Isso é algo essencial para a Segurança Pública, para sabermos quem foi ao estádio, e hoje não temos essa informação. Com base nesse cadastro, identificaremos as identidades dos criminosos, o que facilitará muito a investigação dos casos”, comentou a secretária executiva da SDS, Dominique de Castro Oliveira.
Grande reunião foi comandada pela SDS na sexta-feira (23) (Foto: Divulgação)
HISTÓRICO
O fato é que este ano, os grandes jogos têm acumulado confusões. No primeiro clássico do ano, entre Sport e Santa Cruz, no dia 20 de janeiro, foi um “festival de brigas”. As ações foram registradas em quatro municípios da Região Metropolitana: Recife, Olinda, Paulista e Jaboatão dos Guararapes. Uma das “praças de guerra” foi na rodovia PE-15, entre Paulista e Olinda. Vídeos que circularam nas redes sociais registraram conflitos entre membros das duas facções. As imagens mostram o momento em que um ônibus é interceptado pelas uniformizadas. Nem mesmo a presença de policiais militares intimidaram os vândalos. Em Camaragibe, um boneco com a camisa do Sport foi amarrado em uma rede de fiação por torcedores tricolores, em provocação aos rubro-negros. Na Avenida Norte, no terminal do metrô de Joana Bezerra e no bairro do Ibura, também foram registrados confrontos diretos entre torcedores rivais, mas todas as confusões foram controladas pela PM.
Ainda foram registradas quatro tentativas de homicídio, uma delas envolvendo um sargento do 17° Batalhão da Polícia Militar, em Paulista. Ele estava num grupo de escolta, quando foi surpreendido por disparos de armas de fogo e acabou sendo atingido no braço. O PM passou por cirurgia e passa bem. Além dele, outros três homens também foram baleados, um deles com passagem pela polícia. Também tivemos registros de tumulto no jogo entre Central e Náutico, com grupos se confrontando nas ruas próximas ao Lacerdão.
MORTE
No ano passado, um torcedor do Santa Cruz foi morto durante um confronto entre torcidas organizadas no dia 21 de maio, em Olinda. De acordo com a Polícia Militar, a briga que terminou com a morte do jovem aconteceu em um trecho do Complexo Salgadinho. O confronto aconteceu horas antes da partida entre Santa Cruz x Campinense, no Arruda, válida pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro da Série D.
O torcedor Lucas Gabriel Rosendo, de 21 anos, foi brutalmente espancado por torcedores uniformizados do Sport e foi encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade Tabajara, em Olinda, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Esperamos que não cheguemos a esse ponto e seja dado uma basta na violência no futebol!