Náutico vive clima interno quente (Foto: Gabriel França / CNC)
Se dentro de campo o Náutico trabalha para tentar entrar no G8 da Série C do Campeonato Brasileiro na reta final da 1ª fase, fora das quatros linhas o clube segue com os bastidores pegando fogo. O mais novo capítulo que envolve o Executivo e o Deliberativo pode ter consequências sérias na política do clube.
Na última quinta-feira (19), uma solicitação para uma Assembleia Extraordinária foi protocolada no Conselho. A sessão seria realizada no dia 1º de julho, com o objetivo de apreciar o ato do presidente Bruno Becker de destinar parte do dinheiro (R$ 1,6 milhão) da multa contratual restante do Grupo Matheus (R$ 3 milhões) como fluxo de caixa para o futebol. A verba, referente à desistência do grupo varejista de investir no CT do clube, deveria ser usada para a Recuperação Judicial. O valor total foi de R$ 4,2 milhões, mas R$ 1,2 milhão já foi utilizado em melhorias do próprio Centro de Treinamento. A informação foi divulgada pelo GE e confirmada pela reportagem do Diario de Pernambuco.
Os conselheiros vão se reunir de forma extraordinária na próxima quarta-feira (25) para deliberar sobre o novo contrato com a empresa Futebolcard, responsável pelo serviço de ingressos do clube. Na ocasião haverá um posicionamento sobre o requerimento do caso do Grupo Matheus. A mesa diretoria vai dizer se acata o pedido ou não ou até negociar uma nova data para apreciar o pedido, em vez do dia 1º de julho.
Caso a pauta seja acatada, um processo administrativo contra o mandatário alvirrubro poderá ser aberto, tendo como consequências desde uma advertência ou até o afastamento de Becker até uma Assembleia Geral de Sócios, onde estaria em jogo um possível impeachment. O Diario de Pernambuco entrou em contato com o estafe do presidente e a reportagem será atualizada assim que houver uma resposta.
Em entrevista à Rádio Jornal, o ex-vice-presidente do Conselho e atualmente conselheiro, Pablo Vitório, falou sobre a solicitação e explicou os motivos que levaram à decisão. Pablo Vitório negou questões políticas e demonstrou preocupação com as contas alvirrubras.
“Quero esclarecer que não há nada de política nesse requerimento. O que ocorre é que o Conselho, como um todo, está muito preocupado com o rumo do processo de recuperação judicial do clube. O que nós tínhamos como tranquilizador em relação a nossa recuperação judicial era justamente essa verba do Grupo Mateus, que havia sido destinada, por decisão do Conselho, que os valores seriam empregados 100% na recuperação judicial do clube. Nós não queremos impeachment de ninguém, nós não estamos fazendo política de absolutamente nada. Longe da gente inviabilizar o clube, pelo contrário. O Conselho precisa fazer o seu papel”, explicou o membro do Conselho Deliberativo do Náutico.
As divergências entre os dois poderes do Náutico vem sendo uma rotina. No mês passado, Bruno Becker se pronunciou após ser alvo de um processo administrativo do Conselho Deliberativo devido a uma postagem enaltecendo a democracia e contra a ditadura, realizada no dia 1º de abril. Bruno ressaltou a necessidade de união entre os diferentes polos do clube. "O que me preocupa, de fato, é observar essa tentativa divisionista de instalar falsas crises, distantes das prioridades do clube, combatendo a própria instituição que deveríamos, todos, defender". O processo foi retirado da pauta posteriormente.
Outro ponto de divergência notável entre o poder executivo e o Conselho do clube foi referente a possível constituição da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do clube alvirrubro. Com o mandatário do Timbu sendo um dos principais responsáveis da negociação pela SAF, junto aos investidores, o Conselho Deliberativo demonstrou posição fortemente contraria a venda do clube para o Consórcio Timbu. Fazendo inclusive o grupo de investidores desistirem da negociação, alegando alta demanda de questionamentos dos conselheiros e um clima “bélico” na reunião de apresentação da proposta.
HÉLIO DOS ANJOS
Após o jogo de segunda (16) contra o Maringá - o Náutico venceu por 2 a 1 -, o treinador Hélio dos Anjos também saiu das quatro linhas e entrou na esfera política do clube. “Eu quero aproveitar a oportunidade e, encarecidamente, pedir as pessoas do Náutico, não inviabilizem o trabalho do Náutico. Não tem como fazer futebol sem dinheiro, inviabilizando a entrada de dinheiro, criando uma situação de buscar dentro do Conselho (Deliberativo), para o Conselho tomar algumas decisões. Eu não estou falando pelo Bruno (Becker), eu estou falando pelo Náutico e pelas pessoas que gostam do Náutico”, enfatizou Hélio.
SALÁRIOS ATRASADOS
O Náutico está com salários atrasados de parte do elenco e comissão técnica referentes ao mês de maio. A situação envolve os atletas Muriel, Vinícius e Paulo Sérgio, além do técnico Hélio dos Anjos e do auxiliar Guilherme dos Anjos. Para resolver os problemas referentes ao fluxo de caixa dentro do clube, o presidente Bruno Becker busca a aprovação junto ao Conselho Deliberativo do novo contrato com a empresa Futebolcard, responsável pelo serviço de ingressos do clube. Caso seja aprovado, o Náutico receberia um pagamento inicial no valor de R$ 500 mil.