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DIARIO ESPORTIVO

Beto Lago "O mercado da bola e os altos salários envolvidos do futebol brasileiro"

Diante desse cenário, fica claro que o Sport enfrentará sérias dificuldades para competir em um mercado tão inflacionado

postado em 21/12/2024 09:23 / atualizado em 21/12/2024 09:31

<i>(Foto: Paulo Paiva/Sport)</i>
Planejamento
Ao analisar o mercado da bola, especialmente as transferências no futebol brasileiro, é impressionante os altos salários envolvidos. Especula-se que o Cruzeiro desembolsará quase R$ 3 milhões para ter Gabigol. O Fortaleza, por sua vez, trouxe um zagueiro com um salário de R$ 900 mil. Diante desse cenário, fica claro que o Sport enfrentará sérias dificuldades para competir em um mercado tão inflacionado. Recentemente, a diretoria sondou um zagueiro cujo valor girava em torno de R$ 800 mil, um montante inviável no atual contexto. A falta de um fair play financeiro permite que os clubes mais solventes, bem organizados em termos de gestão ou aqueles que se tornaram SAFs "saudáveis", se destaquem em relação ao Leão, que, embora esteja ajustando sua situação, chega em desvantagem em relação a muitos times que estarão na Série A em 2025.

Ajustar a folha de pagamento do futebol para seis milhões será um grande desafio. E isso é apenas o começo. Assim que o plano de recuperação judicial for homologado pela Justiça, junto com todas as outras despesas (impostos, acordos, salários administrativos e manutenção do patrimônio), não me surpreenderia se a gestão precisasse desembolsar mais de R$ 10 milhões por mês para manter as operações cotidianas (chute do colunista). Esse valor poderá aumentar ainda mais caso haja a necessidade de qualificar o elenco, elevando os gastos até R$ 9 milhões por mês. O ano à frente promete ser desafiador, com a gestão operando em um cenário de alta responsabilidade, sob uma pressão significativa e sem margem para erros que possam comprometer todo o planejamento.

Sem pressa
Após o acordo com credores e o projeto de Retrofit, o próximo passo do Sport será a SAF. O presidente Yuri Romão planeja formar uma comissão para iniciar os estudos necessários, visando determinar o modelo mais adequado para o clube. É importante destacar que a RJ levou 20 meses para ser finalizada, e as obras no Complexo da Ilha do Retiro estão previstas para começar apenas em 2026. Portanto, a pressa não faz parte da abordagem do dirigente.

Lucrativa e duradora
O trabalho bem-sucedido nos acordos da Recuperação Judicial pode proporcionar a segurança necessária para atrair investidores de maneira mais entusiástica. No entanto, mantenho uma posição cautelosa. Acredito que as SAFs representam uma solução viável para que os clubes da região possam competir em igualdade de condições com os adversários. É crucial, entretanto, encontrar o investidor certo, garantindo que essa parceria seja não apenas lucrativa, mas duradoura. Essa reflexão é igualmente válida para os dirigentes do Santa Cruz e do Náutico.
 
 
Transparente
Também é fundamental que todo o processo de implementação da SAF ocorra de forma transparente. Deixo uma recomendação para Náutico e Santa Cruz: evitem incluir a dívida do clube nas negociações antes de finalizar a Recuperação Judicial. O Sport conseguiu um deságio significativo em suas dívidas, o que lhe confere uma posição mais favorável para atrair um investidor sólido.

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