Gestão de Yuri Romão em 2025 vai para o terceiro treinador após saída de António Oliveira (Foto: Paulo Paiva/Sport Recife)
O Sport chega à metade de 2025 em uma crise que até aqui não tem perspectiva de acabar diante de um planejamento perdido da diretoria para uma temporada de grande importância na história rubro-negra.
O ano, que deveria marcar a sequência de um trabalho no retorno do Leão à elite do futebol brasileiro após o acesso na Série B, virou instabilidade e incertezas tanto dentro quanto fora de campo. Agora, a saída de António Oliveira do comando da equipe após quatro rodadas no comando do Sport nesta Série A abre mais uma página ruim na gestão leonina na temporada.
INSISTÊNCIA COM PEPA
A primeira aposta da diretoria foi a manutenção do técnico Pepa, que havia comandado o Leão na campanha de acesso. O português, entretanto, não conseguiu repetir o bom desempenho da Série B e, desde o início do ano, enfrentou dificuldades para fazer o time render. Apostou num sistema de rodízio de jogadores que nunca funcionou e não conseguiu dar uma identidade ao time. A torcida, já impaciente, cobrava não apenas resultados, mas também desempenho.
A pressão, que vinha crescendo, explodiu com a eliminação precoce na Copa do Brasil, ainda na primeira fase, para o Operário de Várzea Grande, nos pênaltis. Um resultado inaceitável para um elenco que custou quase R$ 60 milhões para ser montado. O título do Campeonato Pernambucano, conquistado nos pênaltis contra o Retrô, ainda veio com desconfiança.
Com o foco voltado para o Brasileirão, a situação não melhorou. Pepa permaneceu no cargo até a 7ª rodada, mesmo com uma sequência de resultados ruins e um time que não dava sinais de evolução. A gota d’água foi a derrota de virada para o Fluminense, no Maracanã, que sacramentou sua demissão. Àquela altura, o Sport já amargava a lanterna da Série A. Apesar das especulações, o presidente Yuri Romão garantiu que a demora na saída de Pepa não foi por conta de uma milionária multa rescisória.
Departamento de Futebol do Sport terá a missão de reforçar elenco e definir novo treinador para a sequência do Brasileirão (Foto: Paulo Paiva/Sport Recife)
MUDANÇAS NA GESTÃO DE FUTEBOL
Em meio à má fase, o Sport iniciou mudanças na estrutura da gestão de futebol. O executivo André Figueiredo, que estava no clube desde fevereiro de 2023, foi desligado em um "acordo em comum", enquanto o vice-presidente de futebol, Guilherme Falcão, pressionado há meses pela torcida, pediu renúncia apenas 11 dias após estar presente durante a contratação do técnico António Oliveira.
Falcão, inclusive, teve sua saída acompanhada de uma mudança estrutural: a extinção do cargo de vice-presidente de futebol na gestão atual.
Diante da crise, o Sport apostou na chegada de Enrico Ambrogini, como diretor-geral de futebol, e Thiago Gasparino, novo executivo de futebol, ambos, segundo o presidente Yuri Romão, bem indicados para uma "profissionalização" do departamento de futebol rubro-negro. O discurso era de reestruturação.
SAÍDA DE ANTONIO OLIVEIRA APÓS QUATRO JOGOS
O novo comandante, António Oliveira, foi anunciado no dia 9 de maio, vindo com a missão de arrumar a casa em busca de uma virada de chave. No entanto, o português teve uma passagem ainda pior do que a de Pepa. Foram apenas quatro jogos, com três derrotas e um empate, e nenhuma vitória. O Sport segue na lanterna do Brasileirão, com apenas três pontos em 11 rodadas, e possuindo a pior campanha da era dos pontos corridos até aqui, desde 2003.
A saída de António, confirmada oficialmente nesta quarta-feira (4), veio logo após reuniões com a diretoria. A decisão surpreendeu parte da imprensa e da torcida, já que, no dia anterior, o próprio executivo Thiago Gasparino havia concedido entrevista coletiva garantindo respaldo ao treinador. Segundo o comunicado oficial do clube, a escolha pela saída se deu pela "necessidade de um ajuste de rota". Também foram desligados os auxiliares Felipe Zílio, Diego Favarin, Vitor Couto e Fábio Miguel.
Gasparino, inclusive, havia projetado que António teria uma intertemporada de 40 dias, na pausa do Brasileirão, para ajustar a equipe e implementar seu modelo de jogo. A diretoria chegou a afirmar que os dados mostravam evolução, mas nada disso se refletiu em campo. O português sai quebrando um recorde negativo: teve desempenho pior até mesmo que Guto Ferreira, que em 2024 foi demitido após apenas cinco jogos na Série B.
Elenco do Sport passa por mudanças mirando recuperação na Série A (Foto: Rafael Vieira/DP Foto)
COMO FICA O PROJETO?
Agora, o Sport procura seu terceiro treinador no ano, em mais uma tentativa de salvar a temporada e fugir de um rebaixamento que, neste momento, parece cada vez mais provável. Além da busca por um novo comandante, o Leão da Ilha também está no mercado e de olho em reforços pontuais, tratados pela gestão como "ajustes" no elenco.
Enquanto alguns chegam, outros saem. É o caso do atacante Arthur Sousa, cujo contrato de empréstimo junto ao RB Bragantino foi rescindido e anunciado oficialmente pelo clube na última segunda (2). Além dele, outros jogadores já haviam deixado o elenco, como o lateral Di Plácido e o atacante Lenny Lobato, que não tiveram seus contratos prorrogados e se despediram no meio deste ano.
Outro que também teve o futuro definido é o atacante Gustavo Maia, que possui contrato com o Leão da Ilha até o fim de 2026, mas será emprestado até o fim do ano ao Criciúma, que possui a opção de compra do jogador após o período de empréstimo. Outro que também não jogará até o fim da atual temporada é o lateral-direito Matheus Alexandre, jogador bastante criticado pela torcida. Embora ainda não tenha um clube definido, ele será emprestado assim que houver acerto com uma nova equipe.