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Roupeiro do Náutico é acusado de racismo e detido pela polícia em partida do sub-20

O caso foi relatado em súmula pela arbitragem do jogo, válido pelo Campeonato Pernambucano sub-20, no CT do Retrô, neste sábado (28)

postado em 29/08/2021 16:56 / atualizado em 29/08/2021 17:08

<i>(Foto: Yan Cavalcanti )</i>
Em partida válida pelo Campeonato Pernambucano sub-20, neste sábado (28), no CT do Retrô, o roupeiro do Náutico, Marcelo Eugênio Marinho Lins Silva, foi acusado de cometer um ato de racismo contra o assistente Anderson Cássio Matias Silva. O caso aconteceu no final do segundo tempo e foi registrado em súmula pelo árbitro Ralfy Luis Ribeiro. Após ser acusado, o membro da comissão técnica alvirrubra foi detido pelos policiais, retirado do campo e em seguida encaminhado para a Delegacia de Camaragibe.

Em súmula, o árbitro do jogo detalhou o suposto ato racista sofrido pelo assistente Anderson Cássio Matias Silva. Aos 42 minutos do segundo tempo, Marcelo Eugênio Marinho Lins Silva, roupeiro do Náutico, desferiu a frase "seu negro safado", se dirigindo ao bandeirinha. Um boletim de ocorrência foi feito e o funcionário alvirrubro vai responder em relação ao crime de injúria racial. 

Marcelo Eugênio Marinho Lins Silva pagou a fiança, foi liberado pela Polícia Militar e vai responder o caso em liberdade. Na tarde deste domingo, um dia depois do ocorrido, o Náutico se pronunciou oficialmente sobre o caso. De acordo com a nota divulgada, o Timbu ressaltou a luta para ser um clube de todos, além das ações de igualdade promovida durante os três anos de gestão do presidente Edno Melo.

O departamento jurídico do Náutico já está investigando o caso. De acordo com a nota divulgada pelo clube, a versão de pessoas presentes é contrária à queixa apresentada contra o roupeiro. No mais, o Alvirrubro repudiou qualquer ato de intolerância e preconceito e disse que não vai medir esforços para que o futebol também seja um espaço de cidadania e garantia de direitos. Confira, abaixo, a nota na íntegra.
 
NOTA DO NÁUTICO 
 
O Náutico tem trabalhado, cada vez mais, para ser um clube de todos. Sem distinção de cor, classe ou gênero. Foi seguindo tais princípios que a diretoria executiva lançou, desde o primeiro ano da atual gestão, uma série de ações voltadas para a inclusão. Como o Sócio Nação Timbu, uma categoria social do programa de sócios. Outra iniciativa, recente, de grande repercussão, foi o lançamento de uma camisa especial, preta, sob o lema Vidas Negras Importam. Ali, pela primeira vez em sua história, os atletas de linha do Timbu vestiram preto, na intenção de expressar uma reparação histórica, por atitudes adotadas no passado. Contamos com a participação do ex-goleiro Nilson, vítima de insultos racistas anos antes, proferidos por parte de nossa própria torcida.
 
Em novembro passado, em comemoração ao Dia da Consciência Negra, atletas e membros das comissões técnicas das categorias de base participaram de uma palestra com o coletivo negro Afronte, no auditório do CT Wilson Campos. Atividade sintonizada com o posicionamento assumido nesta gestão.
 
Por tudo isso, vimos a público novamente apresentar um posicionamento. O episódio ocorrido ontem, com suposta manifestação racista  de um membro da comissão técnica da categoria sub-20, durante o jogo Náutico e Retrô, pelo Campeonato Pernambucano da categoria, está sendo apurado. A versão de pessoas presentes contraria a queixa apresentada contra o roupeiro do clube. Mesmo com todos os depoimentos colhidos, inclusive diante da delegada do caso, e que atestam a inocência do profissional, seguimos levantando as informações, porque qualquer atitude deste tipo será veementemente repreendida pela diretoria do Náutico. Não toleramos o preconceito, a discriminação, onde quer que se manifestem. Não vamos admitir que a instituição seja conivente com agressões deste tipo, se ocorrerem - e temos atuado firmemente para que fiquem no passado. Protestos contra decisões de arbitragem ou rivalidades naturais entre torcidas não podem extrapolar os limites da civilidade e do respeito.
 
Portanto, o jurídico do clube acompanha o caso. Sempre obedeceremos à lei, ao bom senso e estaremos em consonância com princípios humanitários. O Clube Náutico Capibaribe reforça seus objetivos de agir por uma sociedade justa, igual e livre de preconceitos. Somos um clube feito por todos e para todos. Não mediremos esforços para que o futebol também seja espaço para a construção da tolerância, da cidadania e da garantia de direitos. 

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