Náutico teve importante reunião para o futuro da SAF nesta terça-feira (11) (Foto: Gabriel França / CNC)
O Náutico deu mais um passo importante na transição do modelo associativo para a Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Na noite da última terça-feira (11), o Consórcio Timbu, interessado em comprar 90% da SAF, fez a apresentação da proposta vinculante ao Conselho Deliberativo Alvirrubro. O documento oficial foi enviado ao executivo do clube no dia 28 de fevereiro.
Os conselheiros passaram a ter acesso por completo à proposta e um prazo de 15 dias corridos para enviar perguntas aos investidores. Em seguida, se inicia o prazo de cinco dias para as respostas. Após este período, uma nova reunião será convocada pelo Conselho Deliberativo. Vale a pena destacar que, caso o negócio seja aprovado pelo Deliberativo, ainda haverá a votação na Assembleia Geral dos Sócios.
A reunião contou com a presença dos investidores Thiago Ribeiro e Celso Pimenta, além de Fernando Ferreira, da Pluri Consultoria, do advogado Ruy Junqueira e de Vitor Alves, membro da administração da Flashforward. Sócio do Consórcio Timbu, o pentacampeão Cafu participou de maneira remota.
Em entrevista a reportagem do DP Esportes, o conselheiro e ex-diretor do Náutico, Thiago Dias, falou sobre a reunião e a expectativa por aprovação da proposta. “A impressão foi muito boa da apresentação da SAF. Têm alguns detalhes que tem que ser ajustados, mas no contexto geral é um modelo de SAF muito bom para a atual situação do Náutico. Acredito que deverá ser aprovado (no Conselho), pelo bem do futuro do clube. O que eu vi, eu fiquei muito feliz e motivado pelo que vem pela frente”, disse o conselheiro.
Pentacampeão Cafu, sócio do projeto, participou de forma remota (Foto: Gabriel França / CNC)
A PROPOSTA
O Consórcio do Timbu, representado pelo ex-jogador Fransérgio Bastos e Thiago Ribeiro, é o responsável pela proposta que visa garantir um aporte de R$ 400 milhões só no futebol do clube ao longo de 10 anos, englobando o profissional, base, feminino e futsal e utilizados para contratações de jogadores, pagamento de salários e melhorias no departamento. O pentacampeão Cafu será sócio da Timbu Participações, empresa que será criada para administrar a SAF alvirrubra.
No entanto, a Comissão de Projetos Estruturantes do Conselho Deliberativo do Náutico expressou uma série de dúvidas sobre a viabilidade financeira do projeto e a capacidade dos investidores.
Entre os principais questionamentos está a falta de garantias quanto aos aportes financeiros. Embora a proposta mencione um orçamento de R$ 400 milhões, a comissão destacou que o valor não inclui correções monetárias ao longo dos anos, o que poderia comprometer o poder de compra do montante no futuro. Além disso, segundo a comissão, a proposta contempla o uso da receita do clube para compor o orçamento, mas sem garantias de aportes anuais por parte dos investidores.
PATRIMÔNIO
A previsão de investimentos na modernização dos Aflitos pode atingir 350 milhões, segundo os responsáveis pela SAF. O Timbu permaneceria com a propriedade dos Aflitos, mas cederia à SAF os direitos de uso e exploração do estádio, sem qualquer compensação financeira, segundo a Comissão de Projetos Estruturantes do Conselho Deliberativo.
O Centro de Treinamento Wilson Campos também está contemplado no projeto. A proposta do Consórcio do Timbu sugere o desmembramento de 39,48 hectares CT, que passariam a ser de propriedade da SAF, enquanto os outros 8 hectares permaneceriam com o Náutico. A comissão no entanto, recomendou que a exploração da área não operacional do CT fosse concedida à SAF, mas sem a transferência definitiva de propriedade.
PAGAMENTO DE DÍVIDAS
O Consórcio Timbu também se propôs a assumir a dívida trabalhista e tributária, de aproximadamente R$ 280 milhões. O Náutico está em processo de Recuperação Judicial. O Conselho quer saber, entretanto, como os investidores pagarão as dívidas que serão assumidas pela SAF. A diluição dos pagamentos ao longo do tempo, com o uso das receitas próprias do clube, não foi vista como uma solução vantajosa para o Náutico, pois não traria benefícios financeiros imediatos.