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Tite sonha com o hexa antes de deixar comando da Seleção Brasileira

Treinador já anunciou que Mundial de 2022 será seu último trabalho comandando o Brasil

postado em 07/11/2022 10:35

<i>(Foto: Lucas Figueiredo/CBF
)</i>
Com mãos de seda, dedicação de monge e sem muita teimosia, Tite trouxe de volta a aura da Seleção Brasileira e, no Catar, vai em busca do hexa para se despedir com o título depois da Copa do Mundo.

"Não quero vencer de qualquer forma. Venci tudo na minha carreira, só me falta o Mundial", disse o treinador, de 61 anos, quando anunciou, em fevereiro, que deixará o comando do Brasil depois da Copa.

O aviso pareceu ter um efeito libertador em Adenor Leonardo Bachi, pois a partir de então o treinador começou a falar sem rodeios sobre seu grande objetivo: acabar com a espera que já dura 20 anos pelo troféu mais importante do futebol.

Os números estão do lado de Tite, homem de discurso filosófico, embora seu estilo de jogo não convença muitos torcedores, que o consideram "retranqueiro", apesar de sua equipe ter marcado 166 gols em 76 jogos (sofreu 27).

Desde que assumiu a Seleção, em 20 de junho de 2016, o treinador conseguiu 57 vitórias, 14 empates e cinco derrotas, duas delas em jogos oficiais e ambas muito dolorosas: contra a Bélgica, nas quartas de final da Copa de 2018 (2 a 1), e para a Argentina na final da Copa América de 2021 (1 a 0), em pleno Maracanã.

Nas Eliminatórias Sul-Americanas, o Brasil se classificou como líder invicto e com pontuação recorde (45 pontos em 17 jogos).

Neymar: pedra fundamental 

"Em alguns momentos, tivemos o resultado, mas não tivemos a beleza e a criatividade que gostaríamos", disse Tite em entrevista ao jornal O Globo.

O treinador assumiu o comando de uma equipe com o orgulho ferido após a goleada sofrida para a Alemanha por 7 a 1 na Copa de 2014, jogando em casa, quando era dirigida por Luiz Felipe Scolari.

O vexame foi sucedido por outra humilhação: comandado por Dunga, o Brasil foi eliminado na primeira fase da Copa América Centenário em 2016, o que não acontecia desde a edição de 1987.

Então Tite apareceu no horizonte 'verde-amarelo', apostando no equilíbrio entre defesa e ataque, mesma fórmula que usou no comando de Corinthians, Internacional e Grêmio, onde conquistou todos os títulos possíveis para em clubes brasileiros: Brasileirão, Copa do Brasil, Sul-Americana, Libertadores, Recopa Sul-Americana e Mundial de Clubes.

O treinador se cercou de assistentes tão ou mais estudiosos, entre eles seu filho Matheus Bachi, ganhou a Copa América 2019 e liderou uma transição geracional: na convocação para os dois últimos amistosos, contra Gana e Tunísia em setembro, apenas nove jogadores estiveram na Rússia há quatro anos.

Sem os grandes nomes do passado, transformou Neymar em sua pedra fundamental, blindando-o inclusive de suas várias polêmicas. O camisa 10 respondeu com gols e assistências, fazendo surgir o termo "Neymar-dependencia".

"Ele é um dos melhores treinadores do Brasil, sem dúvida nenhuma. Embora a Seleção não seja como as de outros tempos, é respeitada e forte candidata ao título", disse à AFP Dirceu Lopes, ídolo do Cruzeiro nos anos 1970 e que defendeu a Seleção Brasileira entre 1967 e 1975.

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