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UNIFORMIZADAS

Até quando? Rixa entre torcidas uniformizadas deixa mais uma vítima fatal

Facções de Santa e Sport voltaram a causar terror na Região Metropolitana do Recife, reacendendo o debate sobre a violência no nosso futebol

postado em 27/05/2023 13:01 / atualizado em 27/05/2023 16:45

<i>(Foto: Rafael Vieira/DP Foto)</i>
O futebol estampado em manchetes policiais. No último final de semana, as torcidas uniformizadas causaram pânico na Região Metropolitana do Recife após confrontos de membros das facções do Santa Cruz e do Sport, antes da partida da Cobra Coral com o Campinense, pela Série D do Campeonato Brasileiro, deixando o esporte em segundo plano.

Em um dos casos, Lucas Gabriel Rosendo, de 21 anos, foi assassinado no Complexo de Salgadinho, em Olinda, após espancamento. Cenas de selvageria nas imediações da Ilha do Retiro, reduto rubro-negro, também pipocaram nas redes sociais. 

“Estamos destruídos. Lucas sempre foi um menino da paz, meu pai está acabado, minha mãe, a mãe dele também. Meu irmão (pai) se afastou do trabalho. A gente não consegue acreditar no que aconteceu. Quando meu irmão falou ‘Quinho, Lucas foi embora’ eu vi a hora ele ter um derrame e ir junto”, contou  Marcos Roberto, tio da vítima, que recebeu a equipe do DP Esportes na casa da família, em Rio Doce, Olinda. 

De acordo com o delegado da Polícia Civil, Vitor Leite, em entrevista à TV Jornal, a briga foi entre as facções de Sport e Santa Cruz de Rio Doce. 

“Eles usam o nome das torcidas (três principais de Sport, Náutico e Santa Cruz) para causar algum impacto. Mas são infratores que se juntam para cometer o delito. O Ministério Público de Pernambuco já oficializou a extinção das organizadas nos estádios”, disse o Promotor do Juizado do Torcedor, José Bispo, que pediu mais rigidez dos órgãos de segurança. 

“A partir do momento que o delito causa um impacto social, vem a força policial. A gente só pode punir algo que acontece no estádio com pena de no máximo de dois anos. No caso (de homicídio), são pelo menos de três a cinco anos de detenção após o julgamento”, complementou Bispo.

Até o fechamento desta reportagem, ninguém tinha sido preso. O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e a Polícia Civil. Segundo o último posicionamento dos órgãos de segurança, a Civil deflagrou, só em 2023, duas Operações de Repressão Qualificada (ORQ) relacionadas às torcidas organizadas:  a “Impedimento”, em março, tendo três Mandados de Prisão, quatro Mandados de Busca e Apreensão  e um Mandado de Busca e Apreensão de Menor. A outra foi chamada de “Jogo Limpo”, em maio, com nove Mandados de Prisão e 12 Mandados de Busca e Apreensão. 
<i>(Foto: Rafael Vieira/DP Foto )</i>

A morte de Lucas Rosendo gerou debates em vários níveis.  Na  Câmara dos Vereadores do Recife, o presidente Romerinho Jatobá (PSB), teceu duras críticas à Federação Pernambucana de Futebol (FPF). “A polícia precisa tomar a frente nesses casos. Mas não podemos esquecer do órgão que rege as competições do futebol, que geralmente é omisso”, disse no plenário na Casa Legislativa Municipal. 

Evandro Carvalho, mandatário da FPF, preferiu não entrar em polêmica. “Nossa Federação é uma das maiores no Brasil em combate de violência. Criamos softwares para identificar o torcedor de maneira mais fácil, como maneira de coibir os incidentes. Sempre nos colocamos à disposição dos clubes e do Governo.” 
<i>(Foto: Rafael Vieira/DP Foto )</i>