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Beto Lago: 'Momento constrangedor para o futebol pernambucano, o Salgueiro se tornou uma grande decepção'

As dificuldades financeiras já vinham de alguns anos no Salgueiro

postado em 04/01/2024 09:04 / atualizado em 04/01/2024 09:13

<i>(Foto: Rafael Vieira/FPF)</i>
Decepção
Terça, início da noite: notícias de Salgueiro confirmavam que o clube iria desistir do Estadual. Para completar, o presidente Zé Guilherme entregaria o cargo, o Carcará seria rebaixado à 3ª Divisão e pagaria uma multa de R$ 300 mil. Quarta, início da tarde: o Salgueiro não disputa e será substituído pelo Flamengo de Arcoverde, terceiro colocado, pois o Vitória das Tabocas, vice, abriu mão da vaga. Quarta, algumas horas depois: o Carcará iria tentar a “última cartada”, com reuniões agendadas com investidores. A FPF deu prazo até às 19h. Quarta, pouco antes do fim do prazo: envio um zap para o presidente do Salgueiro e ele confirma que não irá participar do Pernambucano. Foram pouco mais de 24 horas de confusão, se vai ou não vai, se joga ou não joga, se puni ou não puni. Ontem, soubemos que existia um ofício (“desistência de gaveta”), assinado por Zé Guilherme, que evitaria o Carcará de ser punido pela entidade, com o rebaixamento para a Terceira Divisão e o pagamento de uma multa de R$ 300 mil. Porém, por justiça, tem que ser rebaixado para a Série A2. Foi um momento constrangedor para o futebol pernambucano. Uma série de streaming, que mistura esporte, drama e humor. O Salgueiro errou demais no planejamento. As dificuldades financeiras já vinham de alguns anos, inclusive nos tempos do empresário Clebel Cordeiro. O título estadual em 2020 deveria ser o ponto de virada na história do clube. Campeão pernambucano e de forma histórica. Infelizmente, nada mudou. O Salgueiro não se profissionalizou. Não buscou parceiros para dar um salto na sua gestão. Não investiu no marketing. Ficou preso a uma receita da prefeitura e uma verba pequena da cota de TV. E só. Em 2021 e em 2022, ameaças de desistências foram ditas pelo presidente. Agora, tudo se concretizou. O Carcará se tornou uma grande decepção. 

Virou sonho
Conheço bem a história do Salgueiro. Nos tempos do presidente da FPF, Carlos Alberto Oliveira, vi de perto o crescimento do clube. Não acreditava que o Salgueiro chegasse a esse ponto. Viajei diversas vezes até a cidade para conhecer a estrutura do clube, para acompanhar os grandes duelos contra os times da capital e as disputas das Copas do Nordeste e do Brasil. Em 2015, a cidade parou para ver o jogo contra o Flamengo/RJ. O Carcará jogou a Série B em 2011. Sem mandar seus jogos no Cornélio de Barros acabou rebaixado. Recordo que um terreno foi adquirido para construir o CT do Carcará. Não saiu do papel. Virou um sonho. 

Desistência de gaveta
Na primeira passagem pelo Diario, nos anos 1990, eu tinha a preocupação de ter “matérias de gaveta”, reportagens que fecham buracos nos jornais ou para o final de semana. Mas, “desistência de gaveta” nunca tinha visto. Coisas que acontecem no futebol pernambucano. 

Foco no domingo
O técnico do Santa Cruz, Itamar Schülle, espera por mais duas ou três peças para fechar elenco. Neste momento, faria diferente: tentaria dar mais incentivo aos jogadores que estão no grupo. O foco precisa ser superar o Altos/PI, domingo. Quer motivar ainda mais: antecipa o pagamento salarial dos jogadores. Este jogo é fundamental para as finanças do Tricolor. 

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