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COLUNA

Léo Medrado: 'Inevitável assistir ao amistoso da Seleção Brasileira na quarta passada e não viajar no tempo'

Há exatos 30 anos, vivi uma das tardes esportivas mais angustiantes da minha vida

postado em 14/06/2024 09:03

<i>(Foto: Rafael Ribeiro/CBF)</i>

Four July
Inevitável assistir ao amistoso da Seleção Brasileira na quarta passada e não viajar no tempo. Há exatos 30 anos, vivi uma das tardes esportivas mais angustiantes da minha vida. Na Copa do Mundo dos EUA, nada nos lembrava que estava acontecendo um evento importante por lá. Nas cidades que sediavam os jogos da Copa, a agitação ficava por conta dos estrangeiros. Os americanos desdenhavam da competição e davam de ombros para as delegações e torcedores que lá se espalhavam. A Seleção norte-americana não empolgava. Mesmo após se classificar na primeira fase. Até que… veio um tal de 4 de julho. O four July, como eles chamavam o dia da independência do país. Num é que a diaba da tabela nos apronta uma peça e o confronto entre Brasil x EUA, pelas oitavas de final cai justamente nessa data? Amigo, tudo mudou de figura. Os gringos nacionalistas botaram na cabeça que eram capazes de tudo. Inclusive de bater a nossa Seleção na nossa maior especialidade: o futebol. No centro de imprensa, em Dallas, a gente já sentia o clima diferente. Os funcionários americanos sempre que cruzavam conosco tiravam onda e davam tchauzinho. “Bye Brazil”, diziam eles. No começo eu devolvia a gozação. Depois percebi que não se tratava de gozação. Yes, we can! Eram as palavras de ordem. Por precaução, ou covardia mesmo, resolvi ver o jogo no hotel. Sábia decisão. Começa o jogo e o sofrimento. No calor da Califórnia, o Brasil sofre. E cadê o gol? Aos 43 minutos do primeiro tempo o mundo começa a se acabar. Leonardo é expulso após dar uma cotovelada em Tab Ramos. Saio do quarto angustiado e dou de cara com… Adherval Barros! Ele mesmo. O coveiro! Era, sem trocadilho, a par de cal. Volto correndo pro quarto, faço o sinal da cruz e volto pro jogo. Angústia, solidão… um triste adeus?! Pensei eu. Meia hora depois, o coração alivia. Gol de Bebeto! O grito que soltei no quarto do hotel foi escutado na Flórida. Lembrando: eu estava em Dallas. Vitória brasileira. Ufa! O que eu tirei de onda no outro dia no Centro de Imprensa… com a cara mais cínica do mundo olhava para os amigos funcionários e com uma serena expressão no rosto falava: “Ho: I already knew”. Tradução: “Ôxi:  eu já sabia…”

Leva ele, Dorival
Calma! Respirem bem antes de me xingar. E não rasguem o jornal ou desliguem a internet. Meditem antes. Se eu fosse Dorival, ia até Riad. Disfarçado. Sem ninguém saber. Iria na casa do cara, olharia nos olhos dele e perguntaria: “Você quer jogar a Copa do Mundo? Zico foi criticado por não ter ganho um mundial. Messi virou Deus depois do título no Qatar. Você quer encerrar a carreira com chave de ouro ou quer parar de jogar questionado e sem deixar saudades?” Se ele disser, com sangue nos olhos, que quer ser campeão do mundo, leva o cara, mermão. Já sabem de quem eu tô falando, né? Sejam sinceros! Vocês já imaginaram Rodrygo, na direita, Vini pela esquerda, Endrick como falso 9 e NEYMAR com a 10? Assistindo e comandando a garotada pelo meio? Se isso acontecer, tenho pena do que acontecerá com Argentina ou França se cruzarem o nosso caminho na América do Norte em 2026.

Deixa o cara trabalhar
Não teria contratado Bruno Pivetti. Já disse aqui. Mas pros dirigentes terem apostado nele, alguém de dentro do clube que trabalhou com ele na curta passagem de dois jogos no comando da equipe alvirrubra, deve ter avalizado e convencido os comandantes a contratá-lo. Tem que ser dado um crédito a Pivetti. Deixa ele trabalhar e mostrar o teor da competência que fez com que ele fosse contratado. Cabe ao torcedor apoiá-lo. Apenas um fator continua me intrigando: seis na diretoria e quatro auxiliares no gramado. Né muita gente não?

Porque não?
“Se eu fosse Presidente da FPF, tirava os custos do dia a dia e passava toda a verba da Federação para os clubes pernambucanos, escalonando os pagamentos de acordo com o ranking“ Alexandre MIRINDA”, no Léo Medrado & Traíras

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