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Audiência na Alepe debate medidas contra violência de torcidas organizadas em Pernambuco

A iniciativa surge como reação a incidentes recentes, como as cenas de violência entre organizadas de Santa Cruz e Sport, no início de fevereiro

postado em 28/05/2025 10:00 / atualizado em 28/05/2025 10:08

<i>(Foto: Reprodução)</i>
A violência envolvendo torcidas organizadas voltou ao centro do debate na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Em audiência pública realizada nesta terça-feira (27), parlamentares, autoridades da segurança pública e representantes de clubes e torcidas discutiram propostas para conter os episódios de agressão e vandalismo em eventos esportivos no estado.

A reunião foi promovida pelas comissões de Justiça e de Segurança Pública da Alepe e teve como foco a análise de cinco projetos de lei em tramitação que visam coibir a violência nos estádios e arredores. As propostas devem ser unificadas em um único texto sob relatoria da deputada Débora Almeida (PSDB).

A iniciativa surge como reação a incidentes recentes, como o ataque ao ônibus do time do Fortaleza e as cenas de violência entre torcidas organizadas de Santa Cruz e Sport, no início de fevereiro.

Punições e biometria nos estádios
Durante a audiência, foi destacado o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e os clubes Santa Cruz, Sport e Náutico. O acordo proíbe qualquer forma de apoio institucional a três torcidas envolvidas em atos violentos: Explosão Inferno Coral, Náutico até Morrer e Torcida Jovem do Leão. O TAC também prevê a implementação de um sistema de biometria nos estádios, com início previsto para junho.

Além disso, a Polícia Civil já cumpriu mais de 40 mandados de prisão relacionados aos episódios de violência.

Autoridades defendem exclusão de torcedores violentos
Para o promotor Antônio Augusto Arroxelas, coordenador do Núcleo do Desporto e Defesa do Torcedor do MPPE, apenas três das 28 torcidas organizadas cadastradas são reincidentes em atos violentos. Segundo ele, essas devem ser afastadas dos estádios. “Lugar de bandido não é dentro do estádio. Quem quiser se apresentar como torcida do bem, que prove isso”, afirmou.

A posição foi reforçada por Evandro Carvalho, presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), que defendeu a exclusão de facções criminosas travestidas de torcidas. “O que não queremos é compactuar com grupos que se locupletaram das marcas das torcidas”, disse.

Representantes das torcidas pedem diálogo e individualização das punições
Representantes das torcidas organizadas criticaram a generalização das punições. Para o advogado Lozymayer Renato, da Torcida Explosão Inferno Coral, a medida de banimento coletivo é ineficaz. “Quem comete crime são pessoas, não instituições ou camisas. É preciso individualizar as condutas”, defendeu.

Henrique Marques, da torcida Maior do Nordeste (Sport), reforçou a disposição das torcidas em colaborar com ações que promovam a paz nos estádios. Ele lamentou o fim de reuniões de planejamento com a polícia, que poderiam ter evitado os conflitos.

Parlamentares destacam importância do equilíbrio
O presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Joel da Harpa (PL), criticou a extinção das torcidas como solução. “O caminho não é proibir as torcidas, mas punir os responsáveis”, declarou.

Já a deputada Débora Almeida reafirmou o compromisso com um texto legal equilibrado. “Precisamos preservar a cultura do futebol e garantir segurança. Estou aberta a contribuições de todos os envolvidos”, concluiu.