Em artigo publicado na Revista Torcida, edição de dezembro, o professor de Educação Física e Mestre em Neurociências, Aldemir Teles, o Dema, trouxe detalhes bem pertinentes para nossos clubes e que podem fundamentar a queda de prestígio do futebol pernambucano no cenário nacional. Dema lembra que nestes 20 anos de sistema de pontos corridos, na Série A apenas o Sport tem uma presença mediana (11 participações, sendo a última vez em 2021), contra cinco do Náutico (a última em 2013) e apenas duas do Santa Cruz (a última em 2016). Somente em cinco ocasiões tivemos dois clubes do Estado na elite: em 2007, 2008, 2009 e 2012 com Sport e Náutico, e em 2016 com Sport e Santa Cruz.
Outro dado interessante: a queda na presença de atletas nascidos em Pernambuco na Série A. Em 2020, eram 22 jogadores do Estado, sendo sete atuando pelo Sport. Neste ano, o número caiu para sete atletas, número igual ao estado do Piauí e à frente Sergipe, que teve três. A Primeira Divisão deste ano tinha 34 jogadores nascidos na Bahia, 12 do Ceará, 11 do Rio Grande do Norte, e 10 de Alagoas e Paraíba. Nossos clubes tinham históricos de presenças constantes na elite do futebol nacional e na formação de atletas. Ano após ano, estamos vendo a Série A pela TV e sem revelar jogadores de qualidade. Depois de um longo tempo, o Náutico reconquistou o certificado de clube formador, o que aconteceu recentemente com o Sport. Chegamos a ter apenas o Retrô com este certificado. Os investimentos na base precisam ser melhores aplicados. Neste ano, vimos Sport levar os garotos da base para importantes torneios nacionais e internacionais. Que isso possa se repetir também no Náutico, Santa Cruz e Retrô, trazendo retornos imediatos. Que os clubes olhem para estes números apontados por Dema e que criem metas para reverter esse quadro. Para o bem do futebol pernambucano.
Investimentos na base
Em 2023, a soma dos investimentos na formação da base dos 20 clubes que disputaram a Série A foi de R$ 222 milhões. Isso significa uma média de R$ 11 milhões por clube.
Aprofundar nos temas
“Acho que a imprensa tem um papel importante na busca de alternativas para dias melhores do nosso futebol. Assisto, ocasionalmente, alguns programas. Porém, com todo respeito, o debate predominantemente gira em torno do que ocorre dentro das quatro linhas. Geralmente, não são aprofundados temas que elevem o conhecimento e a cultura do esporte em si”, afirmou, com razão, o professor Dema, que planeja publicar um livro sobre neurociências e futebol. Precisamos entender nosso papel nesta coisa chamada futebol.
Alfredo Santos
Alfredo Santos foi ídolo no Santa Cruz, com passagens também pelo Náutico. O zagueiro conquistou seis títulos estaduais. Fisioterapeuta de formação, atuando inclusive no próprio Tricolor, foi um defensor de um nível elevado. Tinha tempo de bola, impulsão e liderança em campo. Como dizem os amigos, “o cara de riso fácil” nos deixou ontem. Fique em paz, Alfredo!
Perguntar não ofende: até quando vai essa bronca na CBF?
