Na prática, a proibição da presença de torcedores visitantes não impede que eles compareçam aos jogos. Sem o direito de frequentar o setor destinado aos visitantes, muitos torcedores acabam comprando ingressos para as arquibancadas do time mandante, o que pode gerar situações ainda mais perigosas dentro do estádio.
O próximo jogo entre Jaguar e Santa Cruz, nesta sexta-feira (07), na Arena de Pernambuco, ilustra bem esse problema. Tricolores já comentam nas redes sociais sobre a possibilidade de comparecer ao jogo infiltrados na torcida mandante, e um dos setores (Sul Inferior) já está esgotado.
A decisão do Governo de Pernambuco de suspender a presença de torcedores de Sport e Santa Cruz por cinco partidas, como resposta aos atos de violência registrados antes do último clássico, também levantou debates. A punição coletiva não distingue os torcedores violentos daqueles que vão aos estádios apenas para apoiar seus clubes de forma pacífica. O Sport recorreu à Justiça e obteve uma decisão favorável do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), que suspendeu a portaria do governo mediante o cumprimento de quatro exigências.
1. Que a autoridade coatora se abstenha de impor a realização das partidas em que dispute o Sport (impetrante) ou qualquer outra agremiação desportiva, no Estado de Pernambuco, com portões fechados;
2. Seja permitida apenas a presença nos estádios de torcedores do clube que detenha o mando de campo durante o mês de fevereiro de 2025;
3. As agremiações desportivas devem fechar o setor destinado às torcidas organizadas no mês de fevereiro de 2025;
4. A partir de 1º de março de 2025, as agremiações desportivas devem implementar, na entrada dos estádios, o reconhecimento facial e a biometria de todos os torcedores, bem como adotar câmeras de vídeo para o monitoramento dos frequentadores, sob pena de multa de R$ 100.000,00 por evento desportivo.
“Não existe torcida visitante em jogo. O ingresso é para o cidadão pernambucano, qualquer pessoa pode comprar o ingresso. Não vai haver torcida do Santa Cruz uniformizada, bandeira, nada disso. Agora, qualquer pessoa pode comprar seu ingresso e ir como apreciador do futebol. Dizer que torcida A ou B está indo é subjetivo, não tem como afirmar”, disse Evandro Carvalho, presidente da FPF.
O problema da violência no futebol não será resolvido apenas com restrições. O caminho ideal passa por um investimento maior em segurança, identificação e punição dos indivíduos que promovem a violência, além de medidas que incentivem a convivência pacífica entre torcedores rivais. O futebol deve ser um espaço de paixão e festa, e não de medo e exclusão.
