Apesar da longevidade, a equipe consegue ter fôlego para dar e vender (Foto: Francisco Silva/DP)
Maio de 1963. Pelé, o Rei do futebol, desfilava nos gramados em meio ao auge de sua forma física. À época, bicampeão do mundo - havia vencido a Copa do Mundo do Chile, um ano antes, em 1962. Já Maradona, outro gênio na bola, tinha apenas três anos de idade. Se puxarmos pelo recorte de astros atuais, Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo, sequer sonhavam em nascer. Mas um grupo de médicos já começara a escrever história através da famosa "pelada", que completa 60 anos de forma ininterrupta.
Como tudo começou
Para contar a história, é preciso voltar aos campos de barro, mas precisamente Engenho Monjope, em Igarassu, em março daquele ano. Tudo começou através de um grupo de médicos, ainda estudantes do quarto ano de medicina. O que parecia apenas uma diversão extra se tornou em religião para Oscar Coutinho, de 82 anos, e Luciano Silva e Fernando Barroca, ambos com 83.
“Éramos estudantes do quarto ano de Medicina, em 1963, quando começamos toda essa história. Cyro de Andrade Lima foi o nosso grande mestre em nossas vidas. Era professor da Universidade Federal, na época Faculdade de Medicina do Recife. No início a gente jogava na casa de Cyro, num campo pequeno. Passamos depois para o Hospital Barão de Lucena, durante uns 30 anos. A gente jogou em campos de barro, grama de verdade e agora, como somos modernos, jogamos na sintética", falou Oscar, o “caçula” do grupo, ao Diario.
Trio de fundadores recebeu justa homenagem no Clube Alemão (Foto: Francisco Silva/DP)
A festividades
Em comemoração aos 60 anos da pelada, um grande evento foi realizado no Clube Alemão, no bairro do Parnamirim, Zona Norte do Recife. A festividade, inclusive, contou com a participação do prefeito João Campos (PSB), que esteve ao lado de seus familiares, caso da mãe, Renata. O motivo da participação de João é que tudo começou por conta de seu avô, Cyro de Andrade Lima, principal incentivador da pelada.
Prefeito João Campos (PSB) esteve presente para prestigiar a festa (Foto: Francisco Silva/DP)
"Eles eram alunos do curso de medicina e meu avô, professor. Os alunos começaram, e aí meu avô chamou para jogarem na casa dele. Jogaram lá por quatro ou cinco anos. Como era uma geração de alunos, todos eles frequentavam a casa do meu avô. Era um campo por trás da casa dele, que depois ele deu para minha mãe construir a casa dela e foi lá onde eu cresci e vivi por muito tempo, em cima do campo que eles jogavam", destacou João, antes de enaltecer o evento.
"Uma emoção muito grande de estar aqui prestigiando a comemoração de 60 anos dessa pelada. Então você imagine, eu tenho 29 anos de vida, aqui são seis décadas de futebol. Essa história está totalmente ligada a minha família, minha mãe, meus irmãos, meu pai (Eduardo Campos, falecido em 2014), e essa turma sempre conviveu muito com meus familiares. O pessoal aqui se supera. Sessenta anos jogando bola, dando 'carreira' atrás de bola, para marcar, para ‘furar’ gol, não é brincadeira não. Vou pedir a Deus para chegar com essa idade, com essa saúde de poder estar jogando bola e ainda depois estão tomando uma cervejinha para celebrar."
De gerações para geração
O sangue que corre nas veias de cada peladeiro costuma ser o mesmo. Isso porque, uma vez por ano, o grupo se reúne para evento chamado "Avô, pai e filho", no qual as gerações se misturam para um jogo festivo, munido de muitas risadas e carinho. Neste ano, a previsão é que o encontro aconteça no mês de outubro.
Atualmente, a idade para participar é de, no mínimo, 60 anos (Foto: Francisco Silva/DP)