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História de superação e manobras radicais: Felipe Nunes conquistou o público recifense no STU National

O curitibano de 24 anos não tem as duas pernas, mas compensa com muita força de vontade e skateboard na veia

postado em 15/11/2023 08:00

<i>(Foto: Rafael Vieira/DP Foto)</i>
No último fim de semana, Recife foi a casa do skate brasileiro. Durante três dias, a Rua da Aurora foi o palco do STU National, o circuito nacional de skate. O público pernambucano teve a oportunidade de conhecer as campeãs e os campeões na modalidade park e street, além de presenciar manobras incríveis e uma competição acirrada. Além disso, um competidor ganhou as graças do público durante os três dias com sua determinação e voltas altamente técnicas e complexas, junto com o fato de a deficiência ser só um detalhe: Felipe Nunes.


O curitibano de 24 anos perdeu as duas pernas em um acidente de trem quando tinha apenas seis anos, em sua cidade natal. Logo após, descobriu o skate e a partir dali o shape com quatro rodinhas virou uma extensão do seu próprio corpo. Incentivado pelos amigos e com uma pista de street perto de casa, Felipe foi aprimorando suas manobras no skate e chamando atenção por onde passava. Não pela deficiência, mas por seus feitos em cima do instrumento radical.


E radicalidade nunca faltou na já extensa carreira de Felipe Nunes. Ele é o primeiro deficiente a completar um looping em cima de um skate, em  2019. Antes disso, já tinha chamado a atenção de um dos maiores nomes do esporte do mundo, Tony Hawk, e começou a ser patrocinado por sua marca de shapes.


Mesmo sendo uma pessoa com deficiência competindo entre pessoas "normais", Felipe nunca se intimidou e mostrou suas capacidades no street. Indo com seu lema “sem desculpas”, chegou até a final do X Games, das maiores competições internacionais do skate mundial, e ficou com a prata. Ano passado, levou para casa o título do STU Open, no Rio de Janeiro.


No Recife, ele competiu em duas categorias. No paraskate, levou a etapa em terras pernambucanas e sagrou-se campeão nacional da modalidade. Já no street, ele chegou até a final, mas acabou ficando em sexto lugar. Sua determinação e manobras incríveis conquistaram o público na rua da Aurora, que gritava o seu nome a cada volta completada.


“Foi minha primeira vez aqui em Recife e já me senti em casa. Fui muito bem acolhido, a cidade é linda, as praias são lindas. Tô muito feliz pela recepção e também pelo desempenho na pista. Foi muito da hora”, pontuou o atleta à reportagem do Esportes DP, no último domingo.


A relação entre Recife e Felipe promete ser ainda mais duradoura, assim como o STU. Em sua segunda edição na cidade, o sucesso de público foi absoluto, além de proporcionar disputas de alto nível, em todas as modalidades. Ao que parece, a capital pernambucana vem se desenhando como a casa do skate no nordeste brasileiro, e conquistou um curitibano em cima das quatro rodinhas.