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Olimpíadas 2024: Valdileia sente o tornozelo na final do salto em altura e fica sem medalha

Paranaense vinha no sacrifício desde a classificatória na última sexta-feira. Apesar do resultado, a atleta de 34 anos impressiona pela história de vida

postado em 04/08/2024 15:46 / atualizado em 04/08/2024 15:50

<i>(Foto: Ben STANSALL / AFP)</i>

Nem só de resultados e conquistas vivem Jogos Olímpicos e atletas. É necessário humanizar o evento mais nobre do esporte. E Valdileia Martins, aos 34 anos, reforça o pedido. Embora não tenha conquistado medalha após a disputa da final do salto em altura neste domingo (4/8), no Stade France, candidata-se à campeã pela história de vida.

Conforme publicado inicialmente pelo blog Olhar Olímpico, do portal UOL, a trajetória de Valdileia Martins está diretamente ligada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). Foi em um assentamento que a paranaense de Querência do Norte nasceu, foi criada e iniciou no esporte. Um dos primeiros contatos foi justamente o salto em altura. Porém, naquela época, não havia o conforto da aterrissagem à disposição hoje em grandes competições. O pai, Seu Israel Martins, enchia sacos de milho com palhas de arroz que sobravam de uma fábrica próxima para usar como “colchões” e utilizava varas de pesca como sarrafos no trabalho com os protótipos de atletas de Pontal do Tigre.

O improviso de Seu Israel Martins deu resultado com a final da filha na primeira participação em Jogos Olímpicos. O pai de Valdileia morreu em 29 de julho, aos 74 anos, vítima de um infarto fulminante. A atleta sentiu a perda, mas foi encorajada pela família para competir em memória do maior incentivador. Segundo o MST, Valdileia é uma pessoa que foge dos holofotes. Nem mesmo os treinadores dela nos últimos 16 anos conheciam as origens da atleta em um assentamento no Paraná.
 

Não bastasse a perda do pai, Valdileia também teve de lidar com problema físico durante a jornada nos Jogos Olímpicos de Paris. Na última sexta-feira (2/8), durante a classificatória, sofreu uma lesão no tornozelo esquerdo ao tentar saltar 1,95m, mas se classificou com a marca anterior, de 1,92m. A projeção da paranaense igualou o recorde brasileiro de Orlane Maria dos Santos, de 1989. O melhor desempenho pessoal havia sido 1,90m.

Durante a final, Valdileia abriu mão do primeiro salto. A prova começou com 1,86m, mas, antes do impulso, sentiu novamente o tornozelo e comprovou a participação no sacrifício. A brasileira logo se sentou, vestiu a roupa de aquecimento e deixou a pista de atletismo do Stade de France mancando.

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