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BATALHA DOS AFLITOS

Ademar relembra pênalti perdido na Batalha dos Aflitos e questiona: 'se tinham os batedores, por que não foram?'

Dezoito anos após o ocorrido, o ex-atleta conta o que viveu dentro de campo e não demonstra arrependimento

postado em 09/12/2023 09:00 / atualizado em 09/12/2023 09:09

<i>(Foto: Francisco Silva)</i>
O dia 26 de novembro de 2005 ficou marcado na história do futebol brasileiro. Há mais de 18 anos atrás, acontecia o episódio conhecido como a Batalha do Aflitos onde, com acontecimentos quase que inacreditáveis, o Náutico saiu derrotado para o Grêmio por 1x0, naquele jogo que poderia garantir o acesso do Timbu e o título do Santa Cruz, caso a vitória alvirrubra acontecesse. Um dos personagens deste dia, o então lateral-direito Ademar, contou um pouco do que foi viver aquela situação adversa dentro de campo.


Ademar ficou marcado por perder o pênalti que colocaria o Náutico na frente do placar. Mas, antes disso, vale relembrar alguns fatos. Primeiro, o batedor oficial do time, Bruno Carvalho, já tinha perdido uma penalidade máxima no primeiro tempo, acertando a trave. Daí, veio a confusão que causou a expulsão de quatro jogadores e mais de vinte minutos de paralisação: a marcação de mais um pênalti.


Com polícia invadindo campo, agressão ao árbitro e aos jogadores, o jogo parecia que não voltaria a acontecer. Entretanto, os ânimos foram acalmados e o pênalti iria ser batido. Mas o cobrador oficial do Náutico não estava na bola. É aí que Ademar aparece como personagem da partida. Assumiu a responsabilidade e correu para a batida, mas viu a penalidade parar nas mãos de Galatto, goleiro do grêmio.


“Eu não perdi, ele defendeu”, destaca. “Foi uma situação pela qual se desenhou onde tínhamos batedores e eles não foram, e eu não posso responder o porquê. Só eles podem responder. Eu me dispus a assumir a responsabilidade dos outros, mas não me arrependo. Se tivesse de tomar decisão novamente, tomaria. Agora, se tinham as pessoas, porque não foram bater?”, questiona.


O jogo seguiu e, fatalmente, o inimaginável aconteceu. Gol do Grêmio aos 61 minutos da segunda etapa. O gol garantiu o título do grêmio, o acesso para a Série A de 2006, colocou o Santa Cruz como vice-campeão e tirou a vaga do Náutico para a primeira divisão. Dezoito anos do ocorrido, Ademar afirma estar tranquilo.


“Eu tenho a consciência tranquila, sei que dei o meu melhor. infelizmente aquele momento não saiu conforme eu pensei, que era contribuir a mais do que eu já vinha contribuindo, em colocar o Náutico na primeira divisão. Mas são águas que seguem, cabeça tranquila e agradecer por todas as oportunidades que tive no futebol. Fica essa parte marcada, mas que serve como um aprendizado. não vamos olhar apenas como negativo, temos lições a tirar em cima dessas situações de adversidade”, completou.


Depois de passar por vários clubes do Brasil e ter a oportunidade de jogar uma Europa League, feito que se orgulha até hoje, Ademar tenta passar a experiência para os atletas atendidos pelo seu instituto, que leva o seu nome. “Venho mostrando que em meio as dificuldades, a gente não deve parar. Caiu, vamos nos levantar. Então, eu acredito que temos muitos muito mais lições positivas para tirar dessa situação do que apenas a perca do pênalti. Cabeça tranquila e agradeço ao Náutico a oportunidade de ter vestido a camisa”, concluiu.