De virada, Brasil venceu mais uma vez em Tóquio (Foto: Pedro PARDO/AFP)
Brasil e Rússia já viveram tempos de “Guerra Fria” no vôlei feminino. O clima dentro de quadra tinha até troca de provocações e ofensas. As lembranças seguem vivas da traumática virada sofrida pela Seleção Brasileira na semifinal dos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, passando por eliminações em Mundiais, até o troco nas quartas de final das Olimpíadas de Londres-2012. Em mais um duelo digno de uma das maiores rivalidades da modalidade, as brasileiras venceram as russas nesta terça-feira (4/8), por 3 sets a 1 (23/25, 25/21, 25/19 e 25/22) para avançar às semifinais dos Jogos de Tóquio-2020.
O início do Brasil no jogo foi preocupante. Com a Roberta como titular, a equipe sentiu o volume ofensivo das russas, que neste Jogos Olímpicos atuam sob o nome de Comitê Olímpico Russo (ROC). Independente do nome, a adversária era uma antiga conhecida das brasileiras e abriram 4 pontos logo no início da partida. Após pedido técnico de José Roberto Guimarães, a equipe verde-amarela foi entrando no jogo, mas não passou à frente do placar em nenhum momento do primeiro set, que terminou 23 x 25 para as russas.
O Brasil esboçou uma reação logo no início da parcial seguinte, ficando pela primeira vez no placar por 3 x 2. Mas as russas voltaram a abrir grande vantagem na partida. O placar chegou a ficar 15 x 10. Zé Roberto já havia pedido tempo e precisava mexer no time. Primeiro, colocou a levantadora Macris no jogo. Depois, Rosamaria entrou como oposta no lugar de Tandara. Funcionou. As brasileiras tiraram a diferença, empatando aos 16 x 16. A virada veio com 18 x 17 e o set passou a ser disputado a cada ponto.
O técnico Sergio Busato até quis relembrar tempos controversos, reclamou com Zé Roberto, instigou as atletas comandadas por ele para voltar com o emocional delas, mas não adiantou. As brasileiras ainda abriram no fim do set, fechando por 25 x 21. Reação que deixou a partida empatada em 1 set a 1.
O Brasil voltou com o mesmo grupo e o mesmo embalo para o set seguinte. Com ace da central Carol Gattaz, abriu 7 x 4 e manteve uma vantagem de três pontos até metade da parcial. A Rússia se recuperou marcando dois pontos seguidos, encostando no placar novamente: 15 x 14. Mas o bloqueio brasileiro se agigantou, com destaque para as participações decisivas de Gattaz. Foi dela o ponto que cravou a virada no jogo, chegando a 9 pontos na partida. O Brasil ganhou por 25 x 19, virando a partida para 2 sets a 1.
As brasileiras voltaram a começar melhor o set, assumindo a frente no placar. Mas o enredo do jogo se repetiu. As russas correram atrás, empataram em 15 x 15 e viraram o jogo em passagem da Fedorovtseva no saque. Zé Roberto solicitou tempo técnico quando as russas abriram 17 x 15. E, na volta. Gabi mostrou as credenciais que a colocam como uma das jogadoras mais completas do cenário mundial e chamou a responsabilidade nas bolas cruciais.
Com a confiança retomada, o Brasil voltou à frente em 20 x 19 e ampliou com o bloqueio de Rosamria, que comemorou o ponto batendo no peito. A vibração evidenciava a tensão do duelo, mas também a força do elenco bicampeão olímpico que, desta vez, não chegou em Tóquio como grande favorito ao ouro. Com essa atmosfera, as brasileiras fecharam a quarta e última parcial, por 25 x 22, sacramentando a classificação para as semifinais após uma virada memorável.