Brasil está fora da Liga das Nações de Vôlei Masculino (Foto: Volleyball World)
A pouco mais de um ano dos Jogos de Paris-2024, a Seleção Brasileira de Voleibol, em ambas as equipes masculina e feminina, estará fora da disputa por medalhas na Liga das Nações 2023. O time masculino de vôlei brasileiro foi superado, por três sets a zero, pela Polônia, em compromisso válido pelas quartas de final da competição, nesta quinta-feira (20/7).
Diante dos anfitriões, o time verde-amarelo não foi páreo para o primor do entrosamento adversário. Embora não tenham se aproveitado tão bem da parte ofensiva, os poloneses abusaram das recepções e dos saques para concretizar uma vitória segura.
A eliminação marcou a segunda ausência do time masculino e feminino do pódio da Liga das Nações, desde a criação em 2018. Com os próximos Jogos Olímpicos cada vez mais perto, o vôlei brasileiro vive o princípio de uma crise de identidade. Longe do auge no esporte, os esquadrões masculino e feminino do voleibol nacional não terão medalhas em uma competição, no mesmo momento, pela terceira vez nos últimos vinte anos.
Cartão de visitas
Concentrado como não se mostrou em algumas oportunidades na competição, o Brasil começou a partida disposto a tentar a confiança polonesa diante de um ginásio lotado. Alinhada, a Seleção buscava o máximo de oportunismo que podia nas chances de explorar o alto e sólido bloqueio adversário.
Através do ponteiro passador Sliwka, canhoto, porém, o time branco e vermelho variava as investidas no ataque para promover ameaças constantes ao Brasil. Com a dupla composta pelo atleta e pelo ponteiro Leon, a equipe da casa não permitia uma vantagem da Seleção no placar.
Apesar disso, o visitante, mesmo parando em algumas oportunidades até mesmo em bloqueios simples do adversário, o Brasil era capaz de tocar em todas as bolas na defesa, mesmo com espirros de bola nas investidas europeias. A tendência, portanto, era de que o ataque mandante cansasse com o passar do tempo.
Mesmo com sorte em diversos momentos, como em dois saques de Sliwka onde a bola tocou, gentilmente, o aro da rede e alcançou o lado adversário, a Polônia também se complicava para lidar com os serviços sul-americanos. Somente no primeiro set, foram 3.
O Brasil, além de contar, também, com um pouco de sorte, principalmente em bloqueios mal-sucedidos do adversário, mantinha a confiança no alto, fundamental para lidar com a maioria majoritária da torcida na sede das finais.
Esse fator, porém, não foi o suficiente para um desfecho de set positivo. A pós um ponto de mais de 30 segundos, ambas as equipes entraram em discordância sobre o último toque na bola, antes da aterrissagem desta na metade da quadra brasileira. Após fortes reclamações brasileiras, o árbitro assinalou o ponto para os visitantes, mas voltou atrás para dar o set aos mandantes: 26 a 24.
Reação mal sucedida
A volta ao jogo para a segunda parcial já não foi tão positiva quanto na primeira. A Polônia, confiante, se aproveitava de León na posição de sacador e fazia estragos à recepção brasileira. Com 7 a 2 no placar para a equipe da casa, Renan Dal Zotto pediu tempo para instruir os jogadores a deixar a paralela aberta para Kurek, local em que errava com mais frequência durante as investidas.
No entanto, a Polônia, na parte inicial do set, dava indícios de que não desaceleraria. Com 8 a 4 em bloqueios para a seleção europeia, o Brasil recebia poucas chances do adversário, e pecava no aproveitamento ofensivo. Com apenas 14 acertos ofensivos, a Seleção mostrava dificuldade para não depender de saques e bloqueios, que, mesmo assim, eram menos aproveitados em relação às estatísticas do oponente.
De qualquer maneira, o time verde e amarelo, com vontade, dava a volta por cima. Antes estabelecida em 12 a 7, os comandados de Renan Dal Zotto diminuíram a vantagem polonesa e conseguiram empatar a partida, em 15 a 15.
Com um pouco mais de altura nos levantamentos para o oposto Alan, autor de 11 pontos, o Brasil se mostrava, de pouco em pouco, sólido como no início da partida. Com isso, pela primeira vez na segunda parcial, virou o placar para 18 a 17, e passava a depender, não só da lucidez, mas da coragem para voltar ao confronto, principalmente através de golpes altos no ataque e de saques forçados.
Apesar disso, durante os momentos cruciais, a Polônia ainda levava a melhor. Com Leon atento nas recepções, o bloqueio polônes confiante nas defesas até mesmo para abrir durante as ofensivas brasileiras, e Sliwka inspirado, os europeus superaram as fortes tentativas ofensivas do Brasil pelo centro da quadra para fechar mais um set: 25 a 21.
Fim do recital
Para não permitir uma vitória maiúscula da anfitriã, o Brasil se mantinha insistente para dar conta do primoroso entrosamento polonês, que, assim como na parcial anterior, faziam um terceiro set positivo através de recepções seguras, bloqueios bem feitos de todos os tipos e ainda a sorte com os “saques no varal”, como são chamados os serviços nos quais a bola pega de raspão no aro da rede.
Com a entrada de Leal no jogo, para somar os primeiros minutos em toda a competição, o Brasil propunha jogo para o seguro adversário, mas, com os destaques Alan e Lucarelli muito bem marcados, dependia do “feijão com arroz” nos contra-ataques, ou seja, passava a arriscar pouco.
Taticamente, a Polônia se mantinha impecável. Além de bem alinhada, limitava as opções verde e amarelas e se aproveitava dos pontos fortes de maneiras muito mais sólida em relação ao Brasil. Os saques de León, por exemplo, se mantinham indigeríveis, e ajudavam a manter a vantagem europeia em 19 a 16.
Cada vez mais eficiente, até mesmo durante os desafios, nada indicava o fim do recital polonês em Gdansk. Eficiente e alinhada durante todo o jogo, o time vermelho e branco fez uso das principais qualidades dos melhores jogadores à disposição, e mesmo sem se aproveitar de forma tão positiva dos ataques, mantiveram as recepções, os bloqueios e os serviços como ponte chave para alcançar um desfecho positivo e chegar às semifinais: 25 a 20 no placar.