
La Roja alcança o patamar dos Estados Unidos, Alemanha, Japão e Nourega na sala de troféus. Aos 23 anos, a meia-atacante Olga Carmona fez o gol do título no primeiro tempo. A melhor goleira do mundo Mary Earps defendeu pênalti cobrado por Jenni Hermoso na etapa final acusado pelo VAR, mas não impediu a concretização da tríplice coroa das adversárias.
A história da seleção da Espanha foi escrita por 309 jogadoras. "A maioria de nós cresceu imanginando que o futebol é o nosso lugar, que pertencemos a esse esporte. Porém, sempre reservavam para nós os piores horários, treinadores despreparados. Está provado que o futebol também é nosso. Somos referências. Nós fizemos história", desabafou Irene Paredes na véspera da decisão da Copa do Mundo.
"A Espanha é o país do futebol, mas socialmente fizeram as mulheres se sentir fora dele. Foi assim por muitas gerações. Fizeram de tudo para que não praticássemos esse esporte. Se temos êxito, é graças ao trabalho dos clubes, das jogadoras, da Federação, que criaram meios para que nós alcançássemos os resultados", acrescentou, emocionada.
BASE FORTE
A revolução pode ser explicada pela coleção de títulos. A Espanha desembarcou na Oceania com dois títulos no Mundial Sub-17 feminino nas edições de 2018 e 2022. No ano passado, conquistou pela primeira vez o Mundial Sub-20. Faltava um degrau para o olimpo em todas as categorias. Olga Carmona foi responsável por dar esse passo final no primeiro tempo.
Nascida em Sevilha, a jogadora do Real Madrid observou uma roubada de bola de Abelleira no meio de campo, foi acionada por Caldentey com um passe rasteiro e chutou cruzado no canto da goleira Mary Earps para abrir o placar ao 28 minutos no Estádio Olímpico.
Olga Carmona tem para a Espanha a mesma relevância de Andrés Iniesta. Em 2010, o meia protagonizou o gol do primeiro título do país na Copa do Mundo Masculina, na África do Sul. Ambos são responsáveis por outro feito. La Roja é a segunda seleção a ostentar o título da Copa do Mundo nas versões feminina e masculina. Até então, somente a Alemanha tinha esse feito entre as 211 federações da Família Fifa. As germânicas ganharam a Copa em 2003 e em 2007 com elas; e em 1954, 1974, 1990 e 2014 com eles.
Atual campeã da Eurocopa, a Inglaterra sentiu o peso da vingança. No ano passado, a Espanha foi eliminada do torneio continetal na prorrogação pelas adversárias. Dessa vez, superaram, inclusive, as divergências com o técnico Jorge Vida para bordar a primeira estrela no escudo. Antes da Copa, 15 jogadoras fizeram manifesto contra o treinador. O grupo chegou rachado na Copa do Mundo. Sofreu goleada por 4 a 0 para o Japão na primeira fase. Aos poucos, o time entrou nos trilhos e conquista a o torneio pela primeira vez.
A final chegou a ser interrompida por um protesto. Houve invasão do gramado por um personagem vestido com uma camisa com a frase: Liberdade para a Ucrânia. Parem Putler", em referência à guerra do presidente da Rússia, Vladimir Putin, contra a Ucrânia.