Nos Aflitos Náutico vence Sport e quebra tabu em clássico dos clássicos (Foto: Rafael Vieira/DP FOTO)
O beijinho e a bicuda
Quando um time é melhor que o outro, o pior só vence se o melhor relaxar. Se os dois jogarem com o mesmo apetite, o melhor vence nove de dez jogos. No clássico de sábado, o Náutico entrou em campo focado na vitória. Semblantes irritados. Time pressionado por precisar vencer pra não ser ultrapassado pelo Santa Cruz. Jogadores tentando provar pra torcida, pro mercado e para si mesmos que são capazes de evoluir na carreira. Do outro lado, o time reserva do Sport. Nenhum titular das escolhas recentes de Soso. A partida, no primeiro tempo, teve velocidade, correria dos dois times, mas pouca criação e nenhuma defesa difícil dos goleiros. E um lance emblemático chamou minha atenção: numa disputa de bola, Pablo Dyego solta um beijinho debochado para Marco Antônio. O volante/meia do Náutico esbraveja e fica irritado com o atacante rubro-negro. De um lado, desdém. Do outro, raiva. Pro segundo tempo, Soso volta com dois titulares: Felipinho e Romarinho. O time da casa ameaça no giro de Paulo Sérgio, perto da trave direita. E marca na triangulação Arnaldo, Bárcia e Patrick Allan. Mariano coloca mais dois titulares: Lucas Lima e Castan. O Náutico fecha a casinha e termina o jogo num 5-3-2. Com direito a três zagueiros e três volantes. O Sport perde oportunidades com Vilhena, Romarinho e Ramon. Outro lance me chama à atenção: numa disputa de bola, Arnaldo do Náutico chega duro na dividida, dá uma bicuda pra arquibancada e vibra, compartilhando com a torcida, como se tivesse saído um gol. O Sport de Pablo provocou com um beijinho. O Náutico de Arnaldo respondeu com uma bicuda. O Sport tem mais time. O Náutico teve mais fome.
Aflitos, sábado. Quando vi a faixa amarela colocada no espaço reservado pros verdadeiros torcedores do Sport (essa deveria ser a ideia) e lia Torcida “X” do Leão, apertava a tecla SAP e me aparecia: “O crime compensa”. Senti-me um idiota. Os caras cometeram um atentado contra o ônibus do Fortaleza e entraram no estádio com a faixa alusiva à facção criminosa. No gramado, uma linda homenagem dos jogadores rubro-negros trajando camisas do Fortaleza. Uma faixa estendida por eles expressando um sentimento absolutamente verdadeiro: “Nosso maior rival é o crime”. Nas arquibancadas, uma inconcebível faixa estendida nos chamando de incompententes. E no STJD a estapafúrdia solução: Prende o torcedor (em casa) e deixa os bandidos soltos e impunes nas ruas. Genial!
Traumas e milagres
Tá virando rotina. Santa x Náutico em 1993. Retrô x Maranhão em 2023. Afogados x Maguary 2024. Surreal, amigos. O roteiro desses jogos é totalmente fora de qualquer compreensão baseada em lógica. Pros vencedores: Milagre! Pros derrotados, “culpados, por favor!” Vilões são exigidos. Parreira em 93, Jean no ano passado. E Sábado no Vianão, terá sido o goleiro Juliano?