Naquele ano, o atleta nascido em Paulista, Região Metropolitana do Recife, vivia o auge de sua carreira técnica e física. A atuação ante os rivais sul-americanos está entre as melhores partidas do meia pela seleção brasileira, quiçá a melhor, mas sem o peso decisivo de jogos da Copa do Mundo. Fatalmente contribuiu, no entanto, para o título da Bola de Ouro e também o prêmio da Fifa, quando foi coroado melhor do mundo.
Rivaldo começou a desfilar seu talento logo cedo. E o Brasil, também. Com 12 minutos de jogo, a seleção teve dois gols anulados, um deles incorretamente – curiosamente, pelos bandeirinhas brasileiros. Bonano ia salvando os albicelestes como dava, evitando um golaço de bicicleta do camisa 10 e uma cobrança de falta no ângulo. Parecia que o goleiro argentino seria algoz do pernambucano naquele dia, à medida em que a pressão só aumentava: foram sete finalizações em apenas 25 minutos.
O “abafa” surtiu efeito, aos 41, através dele. Após Ronaldinho ser desarmado, Vampeta recuperou a bola no terço final e serviu o pernambucano na grande área. Frio como de costume, o craque ainda driblou o goleiro Bonano antes de empurrar para o fundo das redes. Dois minutos depois, Roberto Carlos deu passe açucarado e Rivaldo fuzilou a meta argentina outra vez, esta com a cabeça. Explosão total no Beira-Rio.
Rival indigesto, a Argentina ainda tentou colocar água no chope brasileiro. Após falta cobrada por Verón, Ayala se infiltrou entre os defensores brasileiros e diminuiu. O tento, aos 46 do primeiro tempo, serviu para colocar o time em alerta. Tento este que foi lamentado por Rivaldo na saída aos vestiários, prometendo mais atenção nos últimos 45 minutos.
No segundo tempo, o Brasil concretizou a goleada. O domínio até diminuiu, mas lá esteve Rivaldo outra vez, aproveitando sobra dentro da área para anotar o terceiro, quando o relógio beirava os 30 minutos. O gol afundou as pretensões albicelestes. E não parou por aí. Em passe mágico, o pernambucano achou Ronaldo livre na grande área: 4 a 1. A Argentina ainda descontou com Ortega, mas nada que tirasse o brio do show de Rivaldo.
Aquele jogo foi apenas a segunda atuação do trio Rivaldo-Ronaldo-Ronaldinho pela seleção. Antes, na ida, os argentinos venceram por 2 a 0. Verón e Killy González marcaram os gols albicelestes diante de mais de 65 mil torcedores no Monumental de Nuñez.
FICHA DA PARTIDA
Brasil 4
Dida, Cafu, Antônio Carlos, Scheidt, Roberto Carlos, Vampeta (Marcos Assunção), Émerson, Zé Roberto (Juninho Pernambucano), Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho (Élber). Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
Argentina 2
Bonano, Vivas (Hussaín), Ayala, Samuel – Zanetti, Verón (Schelotto), Redondo (Simeone), Sorín, Ortega – Crespo (Cláudio Lopez), Kili González (Gallardo). Técnico: Marcelo Bielsa
Local: Estádio do Beira-Rio – Porto Alegre
Árbitro: Oscar Ruiz
Gols: Rivaldo, aos 41 e 43 do 1º tempo, e aos 29 do 2º; Ronaldo, aos 38 do 2º tempo (Brasil); Ayala, aos 46 do 1º tempo e Ortega aos 45 do 2º (Argentina)
