Furia termina o Major chegando pela primeira vez em uma semifinal do Mudial (Foto: Divulgação/HLTV)
Quem viveu, quem torceu, quem acompanhou, não se arrependeu. A Furia devolveu à comunidade do Counter-Strike brasileiro o direito de sonhar com um título mundial do CS:GO. Mas o sonho do título em casa, no IEM Major Rio, acabou nas mãos dinamarquesas da Heroic, que fará uma final inédita com a Outsiders neste domingo.
Num jogo que começou com a Furia vencendo fácil na Inferno. Que teve também um comeback milagroso dos brasileiros, com dez rounds seguidos para reverter um 15 a 5 e levar a Ancient para o Overtime. Acabou caprichosamente numa derrota sofrida de 16 a 5 na Nuke, sempre calo para os times brasileiros contra os europeus.
A Heroic abriu melhor vencendo o pistol, e os dois forçados que a Furia fez em sequência. Porém, o time brasileiro foi adulto e teve calma para lootear uma ak-47. E ela foi crucial para quebrar a sequência adversária e começar a reação. Saffee girou rápido e por trás, vindo pela biblioteca, pegou três kills de awp e evitou a perda do eco. E em seguida, mesmo a Heroic vencendo a entrada meio, no 5x3, yuurih e drop interditaram a entrada do xuxa, virando o placar para 4 a 3, e depois ainda ganhando facil o eco do 5 a 3. E melhor, sem deixar a Heroic plantar, a Furia construiu uma boa economia, jogando até de dual awp nas mão de safe e arT, fundamental na guerra da banana.
Só quando a Furia abriu 7 a 3 foi que a Heroic voltou a pontuar, vencendo o armado. Mas a config de dual awp voltou a funcionar. Até quando os dinamarqueses acharam uma brecha na banana, o retake 3x3 da Furia foi preciso, sem morrer ninguém. E no troca-troca, o 9 a 6 no half trouxe uma vantagem boa para os brasileiros.
O bomb B virou respawn da Furia
O pistol de TR veio com um avanço rápido pela banana. Numa coordenação precisa, de um baitando o outro, apenas um jogador da Furia caiu. A Heroic tentou forçar, mas arT abriu o bomb B de novo, com a mac10 rasgando caminho como uma faca quente entra na manteiga. Parecia até que os TR tinham mudado o local do respawn, porque o bomb B estava nas mãos da Furia, e a mac10 do arT com um cartucho que parecia negev.
Até quando tentou variar para o A, e viu que o NIP endureceu a disputa, a Furia não pensou duas vezes e voltou no giro rápido para plantar de novo na ‘bola de segurança’. 13 a 6. Em choque a Heroic enfiou quatro bonecos no B. De nada adiantou. 14 a 6, 15 a 6, ponto a ponto, a Furia foi incendiando a torcida. E por fim, só pra deixar a Heroic ainda mais perdida no seu próprio pick, plantou no bomb A. 16 a 5, sem tomar sequer um ponto de TR.
Ancient - HEROIC 19 x 17 FURIA
(CT) HEROIC 10 x 5 FURIA (TR)
(TR) HEROIC 5 x 10 FURIA (CT)
Restava um mapa para a final inédita. E a Ancient, mapa de grandes conquistas para o time brasileiro, se oferecia para o pick da Furia. A Heroic ganhou o pistol limpo, e o eco na sequência, mas o primeiro armado foi da Furia. Por muito pouco, drop quase conseguiu um clutch 1x3, mas em seguida, a Pantera mordeu forte e tirou todas as armas com o plant rápido no A, quebrando a economia da Heroic e empatando tudo no 3 a 3. A virada veio no eco de ak-heroic (perdão pelo trocadilho), arma que foi guardada para o round armado seguinte. De nada adiantou. Saffee, entrando de fininho, sorrateiro, abriu o caminho para o 5 a 3.
Para não perder a escrita, a Furia tomou um round eco de awp-herói no cadiaN. Foi o suficiente para a Heroic voltar para o jogo e crescer. Foram sete rounds seguidos dos dinamarqueses, com a Furia plantando em apenas um. O 10 a 5 no half ficou perigoso, porém ainda possível de reverter.
Embrazada, Heroic acorda, mas o comeback milagroso da Furia traz dez rounds seguidos
Os dinamarqueses continuaram em chamas, e a torcida brasileira sentiu, quando venceram o pistol e o eco seco. Só a vitória no primeiro armado faria a Furia respirar de novo no jogo. Mas a frieza nórdica falou mais forte, executando bem o bomb B e tirando todas as armas. Veio mais um armado, e o 15 a 5 punindo o time da Furia na mesma moeda da Inferno.
A Furia quebrou, enfim, a maldição do “proibido + todos”. E o que era pra ser um ponto isolado ‘pra não tomar de zero’, foi se transformando em reação, quando os brasileiros ganharam os três rounds armados consecutivos e um eco. 15 a 9, existia um mundo, mas ainda eera uma montanha grande para escalar.
Quando tudo parecia perdido, no 4x5, Kscerato pegou duas kills no giro do janelão, e abriu espaço para o retake no limite do bomb A. A Heroic forçou, e de novo, quando o round parecia perdido, a kill do janelão foi decisiva para o 15 a 11, e ainda no 15 a 12, agora sem plantar. A Heroic conseguiu guardar a Awp no CadiaN e forçou no round seguinte, quase em utilitárias. Jabbi, THE KILLER, enfileirou três na exec do A, mas também não conseguiu plantar. 15 a 13. A Heroic veio de cinco tec9, e quase garantiu o mapa. Mas o retake foi preciso.
‘Mais um’, a torcida brasileira gritava ensandecida na Jeunesse. E, de novo, o milagre aconteceu no Rio. Tal qual a LG e a SK faziam em 2016, a Furia cravou um espetacular comeback de dez rounds, levou a decisão da Ancient para o OT, e abrindo de CT, com a arquibancada incendiada na ‘ola’, com 116 db de barulho na Jeunesse.
MAIS DE MEIO MILHÃO de telas, de novo, empurrando a Furia na Live do Gaulês, viram o time brasileiro virar o jogo com saffee e drop abrindo corajosamente nos avanços. A Heroic foi meticulosa, trabalhou com o tempo, e só executou o bomb A depois de mais de um minuto, empatando o 16 a 16. A Heroic seguiu apostando no a, mas dessa vez Kscerato fez a diferença com arT, e mesmo com Jabbi pegando de novo três kills, a Heroic não plantou. 17 a 16 para a Furia.
(CT) HEROIC 19 x 17 FURIA (TR)
O ponto de TR foi fundamental para a Heroic. Sem deixar a Furia impor novamente o seu ritmo de TR, o time dinamarquês cravou a boa defesa de CT, ganhou os três rounds e fechou o mapa. A vaga na grande decisão do IEM Major Rio 2022 seria definida mesmo na Nuke.
Nuke - FURIA 5 x 16 HEROIC
(CT) FURIA 5 x 10 HEROIC (TR)
(TR) FURIA 0 x 6 HEROIC (CT)
Veio então a Nuke. E se a Furia já tinha repetido feitos da LG e da SK, não havia mapa melhor para se inspirar, e relembrar o primeiro título mundial do Brasil no Counter-Strike 1.6, quando o MIBR ganhou no mapa da ALTERNATE aTTaX e abriu caminho para o título da ESWC, em 2006.
Mas foi a Heroic que começou melhor, ganhando o pistol e o eco, com direito seco a totem da Furia no rádio. Mesmo com os brasileiros ganhando o primeiro armado, os dinamarqueses continuaram ‘on fire. Aplicando boas entradas de bombs, contando ainda com a sorte de não morrer no limite do life, abriram um perigosíssimo 7 a 1.
Kscerato guardou uma awp para saffee, e levou ainda dois desavisados que foram na base CT pra tentar tirar da mão dele. Pois foi justamente com ela que o saffee pescou a última kill do nono round, para fazer a Furia respirar. Mas foi por muito pouco tempo, porque o 8 a 2 veio, e com ele o 9 a 2.
De novo, mais um suspiro da Furia no 9 a 3, desta vez tirando todas as armas da Heroic e sem perder nenhuma. E pela primeira vez, a Furia emendou uma sequência, sem deixar os dinamarqueses plantarem, obrigando o CadiaN a guardar a awp na base CT. A Heroic trouxe o 10 a 4, mas a Furia ganhou o último round, fechando com cinco pontos, no 10 a 5.
Sonho adiado
A Furia precisava do pistol para acender de novo a torcida. Mesmo pegando as duas primeiras kills do round, o ponto não veio, e nem o plant no B. E no eco seco, 12 a 5. tinha que vir no primeiro armado. E mesmo com 1x4, stavn levou TODOS, para o 13 a 5. O 14 a 5 em seguida, e o sonho da vaga cada vez mais distante. 15 a 5, e a dura realidade arrancava as primeiras lágrimas dos torcedores. E quando Kscerato ficou no 1x3, depois do 5x3 da Furia, o sonho foi adiado pelas mãos do CadiaN, com quatro kills no round.