O jogador brasileiro Daniel Alves prestou depoimento nesta quarta-feira (7/2), em Barcelona, na Espanha, no julgamento por estupro do qual é acusado de cometer em dezembro de 2022. Em juízo, Daniel apresentou a versão do ocorrido e afirmou que estava muito embriagado. A pena máxima para o crime de estupro na Espanha é de 12 anos de prisão. O Ministério Público pede nove anos de reclusão
Saiba mais
Ele começou o depoimento relembrando o dia 30 de dezembro e o que ele e os amigos fizeram. Eles teriam saído para comer e pediram 5 garrafas de vinho, um uísque, um saquê. Ele afirma ter tomado cerca de duas garrafas de vinho e um copo de uísque.
Depois disso foram para um bar onde beberam mais e por fim foram para a boate. Lá, foram levados para uma sala reservada. Foi o amigo Bruno que chamou as meninas (a suposta vítima e as amigas).
Logo em seguida, Daniel relata que eles dançaram próximos um do outro e de forma respeitosa. "Ficamos dançando juntos. Por um tempo (começamos) a dançar mais próximos, começou a roçar as partes nas minhas. Coloquei a mão e quando começou a tensão sexual, falei para ir ao banheiro, e ela disse que tudo bem", disse no jogador.
A versão dele dos fatos
Daniel Alves conta que avisou a jovem que iria primeiro ao banheiro e para que ela fosse na sequência. Como ela demorou, ele acreditou que ela nem iria.
Quando a jovem entrou no banheiro, Daniel revelou que abaixou as calças e sentou-se no vaso sanitário e que ela fez sexo oral nele. "Lembro que ela sentou em mim. Não sou um homem violento. Não a forcei a praticar sexo oral. Ela não me disse nada. Estávamos desfrutando os dois e nada mais", afirmou também.
Ele revelou que a jovem se sentou na frente dele e que quando foi ejacular, ejaculou "para fora".
O jogador disse ainda que não viu mais a jovem e as amigas dela e que quando saiu da boate, percebeu que tinha bebido demais. Quando chegou em casa viu que a esposa estava dormindo e que ele dormiu logo depois.
"Estou dizendo o mesmo que das outras vezes. Soube pela imprensa que estavam me acusando", relatou Daniel. Ele também disse que revelou apenas a parte do sexo oral em primeiros depoimentos porque achava que a esposa podia perdoá-lo.
Na sequência o jogador chorou e continuou a história dizendo que o mundo dele desabou ao descobrir as acusações. "Tive todos os meus contratos rompidos, contas bloqueadas. Fiquei sabendo tudo pela imprensa", finalizou.
O brasileiro foi o último a depor no julgamento após um pedido da defesa na segunda-feira (5), quando as audiências começaram.
Jogador já deu várias versões sobre a noite do caso
Ao longo do processo de investigação do caso, Daniel Alves trocou cinco vezes de versão sobre o ocorrido em 30 de dezembro de 2022.
Em janeiro do ano seguinte, ele negou que teve relações sexuais com a vítima e que nem a conhecia, quando questionado por um programa de TV da Espanha.
Quando prestou o primeiro depoimento à polícia, Daniel reconheceu que viu a vítima, mas afirmou que apenas a viu no banheiro, sem manter nenhum contato com ela.
O jogador foi preso preventivamente em 20 de janeiro de 2023, quando mudou de versão outra vez e declarou que de fato teria tido relações sexual com a vítima, de forma consensual, alegando que a mulher teria feito sexo oral nele. A justificativa para não dar essa versão em primeiro momento foi de que seria para proteger a vítima e a esposa dele.
A última versão tinha sido apresentada em abril de 2023, quando Daniel disse que houve uma relação sexual, com penetração e consensual. A mudança ocorreu após a perícia identificar DNA do jogador. Novamente alegou que a justificativa para não dar essa versão em primeiro momento foi de que seria para proteger a vítima e a esposa dele.
Após os três dias de depoimentos, o Tribunal de Barcelona tem 20 dias para tomar uma decisão sobre Daniel Alves. Se ele for considerado culpado, ainda poderá ecorrer ao Tribunal de Apelação, mas terá de aguardar o novo processo na prisão.
A pena máxima para o crime de estupro na Espanha é de 12 anos de prisão. O Ministério Público pede nove anos de reclusão. A tendência é que, se condenado, o jogador tenha, no máximo, seis anos de cárcere. O motivo é o pagamento da defesa à Justiça, ainda no início do processo, no valor de 150 mil euros (cerca de R$ 800 mil).