Esportes DP

RUBRO-NEGRO

Pelé no Sport: o dia em que o Leão da Ilha disse não ao Rei do futebol

Reportagem do Diario de Pernambuco trouxe à tona o maior erro leonino em 117 anos de história

postado em 29/12/2022 18:18 / atualizado em 29/12/2022 22:13

<i>(Foto: Reprodução)</i>
A sonoridade clichê da máquina de datilografar destoava da importância de um telegrama digitado em Santos, no dia 5 de novembro de 1957. Nele, consta a prova cabal de que Pelé foi oferecido ao Sport, mas o clube disse não ao Rei do Futebol na época. O documento está até hoje na sala de troféus da Praça da Bandeira, onde quem sabe Pelé poderia ter contribuído com algumas taças. 

A tão criticada negativa é considerada uma das maiores frustações do Rubro-negro em 117 anos de história. De acordo com informações da época, o clube não deu tanta atenção ao ofício, já que Edson Arantes do Nascimento ainda engatinhava dentro das quatro linhas. Ainda sem a coroa, era mais um jovem jogador entre tantos outros. 

Tal Telegrama foi guardado a sete chaves por familiares de Ademir de Menezes, artilheiro da Copa do Mundo de 1950, na qual o Brasil amargou o vice-campeonato após derrota para o Uruguai. Em 2000, através de uma reportagem do Diario de Pernambuco, produzida pelo jornalista Sérgio Miguel Buarque, trouxe o caso à tona. 

Segundo registros históricos, o responsável por dizer "não" a Pelé foi então diretor de futebol do Leão José Rosemblit, que obviamente não tinha a menor noção de que o “moleque do telegrama” viria a se transformar no melhor jogador do esporte mais popular do mundo. 

Veja o relato do jornalista Sérgio Miguel Buarque

"Quando entrei no Diario, em novembro de 1998, fui escalado para ser setorista do Sport. Minha missão era assistir, diariamente, aos treinos do clube e, claro, a todos os jogos. Depois tinha que colocar o que  vi no papel. Simples assim. Ainda iria ganhar para fazer isso. Quase não acreditei.

Nos encontros com os amigos da época de colégio, eu era “o cara”. Virei “autoridade” no assunto. “Quem vai ser  o campeão?”, era a pergunta que mais ouvia, como se o fato de ser repórter esportivo me desse o dom de prever o futuro (o curioso é que, mais tarde, quando fui para a editoria de Política, as pessoas passaram a me perguntar quem iria ganhar a eleição). O fato é que eu continuava sem entender nada de futebol. Mas ninguém precisava saber disso. O importante é que eu estava me divertindo fazendo o que gostava.

Só que esse negócio de cobrir futebol é feito ter piscina em casa. Chega uma hora que enjoa. Vira rotina. Treino físico e tático durante a maior parte da semana, coletivo na sexta-feira, recreativo no sábado, jogo no domingo e,  na segunda, folga para quem jogou no dia anterior. Ou seja, só perna de pau para entrevistar. Nas férias dos atletas, então…

Foi num desses períodos de marasmo total, com o  campeonato parado, sem atletas no clube e tendo que preencher as páginas do jornal com notícias todos os dias que surgiu minha primeira grande matéria.

A tarde já estava quase acabando, os colegas setoristas reclamando da falta de assundo, quando encontrei o diretor de Futebol do clube na época, Fernando Lima. Perguntei sobre contratação de jogadores, montagem do time para o estadual e outras questões de rotina. Nada que se aproveitasse. Acabada a entrevista, ele começou a falar de um churrasco que tinha ido no domingo anterior e da conversa que teve com Ronald Menezes (primo de Ademir”Queixada” Menezes), que guardava com orgulho um telegrama do Santos oferecendo Pelé ao Sport. "

Tags: história leão rei futebol do rei vetado sport não pelé