
Em Tóquio desde o início de agosto, a trajetória do atleta foi marcada por dificuldades neste ciclo mais longo - entre o Rio e Tóquio foram cinco anos que separaram as duas paraolimpíadas -, Jeohsah se preparou no quintal de sua casa com uma estrutura improvisada que foi elaborada por Glebia Galvão, treinadora do saltador, que o descobriu ainda aos nove anos de idade.
“A estrutura ainda é muito improvisada, assim a gente não tem sequer um local apropriado. Treinamos no quintal da casa dele. Ele tem um colchão de três metros por dois que não é o ideal. Ele tem uma uma carreira muito promissora, ele é muito jovem, ele é muito bom e hoje tá com a com a quarta melhor marca do mundo e é o melhor do Brasil nos últimos cinco anos. Ele consegue se manter e ainda bater esse recorde que é dele mesmo.”
“A gente não conseguiu essa parceria para melhorar essa estrutura. A gente tá buscando para ver se consegue. Após participar da Paraolimpíada em Tóquio é o que a gente mais sonha, encontrar essa parceria que invista nessa estrutura que a gente sabe que não dá pra continuar treinando ali, pois eu sei que a gente precisa melhorar para dar uma melhor condição para render melhor também”, apontou Glébia.
Beneficiário do Bolsa Atleta a níveis estadual e nacional, o saltador conseguiu obter a quarta melhor marca no mundo durante o ciclo olímpico, se credenciando para a disputa da medalha. Em sua segunda paraolímpiada, aos 21 anos, Jeohsah espera superar o sexto lugar da Rio 2016.
Ele está na segunda paraolímpiada. Atualmente, ele tem o soldo do Bolsa Atleta Pernambuco e a Bolsa Atleta Brasileira É com o que ele vive, mas a vida de atleta é cara. Em 2016, ele foi convocado e agora está na segunda, em Tóquio. Na primeira, ele ficou em sexto, mas era um pouquinho verde. Ele foi realmente aprender. Hoje, como o quarto maior do mundo, temos a possibilidade porque ele sempre esteve entre os principais da categoria nesses cinco anos”, explicou Glebia.
Relação quase familiar

A gente participava de um projeto social em Pesqueira e eu trabalhava lá. Catávamos talentos na rua mesmo. Procurava a criança na rua, nas escolas e a gente encontrou com ele, acho que ele tinha uns nove anos na época, em que eu o encontrei junto com a coordenadora. Chamamos para competir, mas ele não queria. Disse que não queria, não gostava e a gente insistiu três anos até que ele disse que dava permissão para falar com a mãe dele. E foi quando eu fui na casa da mãe, a mãe dele disse, não, se é para o bem dele, é uma coisa boa, ele vai”.
“A minha relação com a família dele é maravilhosa. Eles moram próximo da minha casa, a gente mora bem próximo. Eu trabalho aqui em Recife, no Colégio Motivo, mas eu volto para Pesqueira todos os finais de semana”, contou Galvão.
Categoria T44
De acordo com o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), as categorias de T42 a T44 são referente a atletas que possuam deficiências nos membros inferiores, mas que competem sem prótese. Sobre o caso específico de Jeohsah, o atleta tem uma má formação no pé esquerdo que acarreta uma disfunção no tornozelo, mas que não exige a utilização de uma prótese.