Aventureiro 4 (esq.) foi conduzido em nevegação solo pelo pernambucano Hans Hutzler (Foto: Tsuey Lan Bizzocchi/Cabanga)
O Fita Azul, prêmio da Regata Internacional Recife Fernando de Noronha (Refeno), contou com uma vitória emocionante e bastante inusitada. Beirando o surrealismo. Com o tempo de 32 horas, 49 minutos e 56 segundos, o velejador pernambucano Hans Hutzler, de 50 anos, foi o primeiro a cruzar o Mirante do Boldró, no arquipélago, com o barco Aventureiro 4. A chegada em Noronha aconteceu já depois das 23h no horário local, e 22h do Recife, devido à fraca intensidade dos ventos ao longo da regata.
Mas não foi uma vitória qualquer. A conquista se deu com navegação em solitário - quando o velejador opta por conduzir sozinho a embarcação. Foi a primeira vez em que um velejador solitário se lançou no desafio de fazer uma Refeno num barco tão grande, de 51 pés (mais de 15 metros). Ao longo de todas as 33 edições, apenas quatro velejadores haviam cumprido a regata solo: Carlos Portela, no Delta 26 Glasnost II, em 1996; Izabel Pimentel, a bordo de um Mini Transat – 21 pés em 2008; Kan Chuh, também a bordo de um Mini Transat – 21 pés, em 2012; além de Carlos Bianco Fernandez, no Winsdom – 28 pés, em 2016 e 2019.
A partida, com 81 embarcações, ocorreu no começo da tarde de sábado (24/09), do Marco Zero do Recife. A disputa pela segunda colocação segue acirrada madrugada adentro entre o Jahu 2 (BA) e o Boto (SP).
O Aventureiro 4 quebra também uma hegemonia de dois barcos que já durava sete anos. De 2014 a 2017, o Fita Azul foi o Camiranga (RS); já as últimas três edições (2018, 2019 e 2021) foram dominadas pelo Patoruzú (PE) - em 2020 não houve regata em virtude da pandemia de Covid-19.
Falando no Patoruzú, que era o grande favorito ao tetra, o trimarã do comandante Carlito Moura passou seis horas à deriva, em virtude do rompimento do cabo de aço que une as estruturas dos cascos. Outro que teve problema foi o Benevento (PR), do comandante italiano Ermenegildo Ignelzi, que precisou seguir para o Iate Clube da Paraíba, em Cabedelo/PB, ao ter rasgada a vela mestra.
PRESENTE DOS SONHOS
Vencer a Regata Recife Fernando de Noronha é o presente dos sonhos de Hans Hutzler, que surpreendeu muita gente quando anunciou sua ideia de correr a Refeno 2022 em solitário. Isso porque o Aventureiro 4 foi trazido navegando da França em 2020 por Hans, sua esposa Karina, o filho Felipe (na época com 8 anos) e os amigos Rafael Chiara e Paulo Carvalho. Possui uma grande estrutura interna, com geladeira, freezer, ar condicionado, gerador e dessalinizador, por exemplo. Antes de zarpar, Hans Hutzler tinha evidenciado que o barco oferecia todas as condições de fazer a travessia nessas características. E ele provou que estava certo.
A Regata Internacional Recife Fernando de Noronha foi mais um desempenho positivo do barco. Em 2021, foi Campeão Pernambucano de Veleiros de Oceano na classe dos multicascos e em sua estreia na Refeno, ano passado, chegou menos de 12 minutos depois do Fita Azul, o conterrâneo Patoruzú.
Em julho deste ano, o Aventureiro 4 participou da Semana Internacional de Vela de Ilhabela e foi campeão vencendo todas as seis regatas da classe multicasco. Era a primeira participação de um barco pernambucano naquele que é o maior campeonato de vela de oceano do país e o barco pernambucano tratou de fazer história. Em janeiro deste ano, a família Hutzler zarpou para um ano sabático seguindo do Recife até Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Passou oito meses explorando o Sul e parte do Sudeste.
.
CALENDÁRIO
E o Aventureiro 4, agora com status de Fita Azul da Refeno, já tem uma nova missão programada. Em novembro, seguirá para a Cidade do Cabo, na África do Sul,
para participar da regata transatlântica Cape2Rio (da Cidade do Cabo para o Rio de Janeiro).
Embarcações em Noronha - Por ordem de chegada
POSIÇÃO - BARCO - DATA - HORA DE CHEGADA - TEMPO DE TRAVESSIA