Esportes DP

ESPECIAL "CLÁSSICOS QUE DEFINIRAM"

Há dois anos, em jogo épico, o Sport vencia o Náutico nos pênaltis e prolongava o tabu

Na ida, deu Leão; na volta, deu Timbu; nos pênaltis, Mailson brilhou

postado em 21/05/2021 10:22 / atualizado em 21/05/2021 10:39

<i>(Foto: Anderson Stevens/Sport )</i>
Dando sequência ao especial “Clássicos que Definiram”, que relembrou, nos últimos dias, as finais dos Campeonatos Pernambucanos de 1951 e 1991, o EsportesDP, desta vez, não precisou ir tão longe nos acervos do Diario de Pernambuco para recontar mais um duelo decisivo disputado entre Sport e Náutico. Há pouco mais de dois anos, ambas equipes, mais uma vez, disputaram o título do Estadual. 

A partir da ampla cobertura feita pela equipe de reportagem do Diario de Pernambuco à época, destrinchamos todo o cenário que marcou o 42º título pernambucano conquistado pelo Sport. Fomos desde os preparativos para as finais até a defesa de Mailson no pênalti cobrado por Diego Silva, que sacramentou o triunfo e, consequentemente, garantiu a explosão eufórica dos quase 30 mil rubro-negros presentes na Ilha do Retiro. 

Assim como neste ano, Sport e Náutico, durante a fase classificatória, terminaram nas duas primeiras colocações. Porém, em 2019, diferentemente do que aconteceu em 2021, a equipe rubro-negra ocupou a liderança. 

Comandado pelo competente Guto Ferreira, o Leão, assim como hoje, concentrou o foco no Campeonato Pernambucano, já que, na Copa do Brasil, caiu precocemente para o Tombense. Naquele ano, o clube - por decisão própria - não participou da Copa do Nordeste. Assim, o Estadual era ‘tudo ou nada’ durante a primeira parte da temporada, que, mais na frente, acabou sendo coroada com o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro. 

O Náutico, por outro lado, estava embalado sob o comando do técnico Márcio Goiano. Apesar de ter sido eliminado da Copa do Brasil pelo arquirrival Santa Cruz, o Timbu, uma semana antes das finais estaduais, eliminou o Ceará, de Lisca, em pleno Castelão, e carimbou uma vaga na semifinal do Nordestão. Mesmo estando na Série C, a equipe chegou a emplacar uma invencibilidade de 18 partidas, quebrada justamente no jogo de ida da decisão. 

A QUEBRA DA INVENCIBILIDADE 

<i>(Foto: Anderson Stevens/Sport)</i>
Em 14 de abril, às 16h, a bola rolou no tapete dos Aflitos. Do lado alvirrubro, um tabu de 51 anos perambulava sobre a mente dos mais de 14 mil espectadores. O jejum diz respeito à última vitória do Náutico sobre o Sport numa final, que aconteceu em 1968. Dito isso, pode-se perceber que a decisão reuniu ‘temperos’ especiais. Além do tabu, o Timbu vislumbrava a possibilidade de conquistar o bicampeonato estadual, tendo incluído no ‘combo’ um palco especial: o Eládio de Barros Carvalho, que havia voltado a receber jogos há pouco tempo. 

Para o embate, o técnico Márcio Goiano escalou o Náutico com Bruno; Hereda, Diego, Camutanga e Assis; Josa, Luiz Henrique e Jorge Henrique; Thiago, Robinho e Odilávio. Do outro lado, o experiente Guto Ferreira lançou a equipe rubro-negra com Mailson; Norberto, Rafael Thyere, Adryelson e Sander; Ronaldo, Charles e Guilherme; Ezequiel, Luan e Hernane. Dito isso, vamos para o que interessa: o jogo! 

Assim que o árbitro autorizou o início do duelo, o Sport, desde o primeiro minuto, demonstrou estar à vontade no território adversário. Neutralizando o ponto forte do Náutico - a dobradinha entre Hereda e Thiago pelo lado direito - a equipe rubro-negra criava boas tramas ofensivas, sobretudo nas jogadas aéreas criadas pelo meia-atacante Guilherme. Apesar do domínio leonino durante a primeira etapa, o placar seguiu zerado para o intervalo. 

No retorno para o segundo tempo, o panorama permaneceu o mesmo. Seguro defensivamente, o Sport aproveitava-se dos contra-ataques. Antes de abrir o placar, o atacante rubro-negro Juninho perdeu uma grande oportunidade cara a cara com o goleiro Bruno, que fez a defesa. Porém, aos 35 minutos, o ‘raio da ilha’, vulgo Ezequiel, tirou o zero do marcador. Após receber passe de Sander - que estava em posição irregular no lance - o jogador completou para as redes e deu a vantagem para o Leão nos primeiros 90 minutos. 

MAILSON, O HERÓI 

<i>(Foto: Anderson Stevens/Sport)</i>
Não faltou emoção na decisão do 105º Campeonato Pernambucano. Talvez tenha sido uma das finais mais equilibradas dos últimos anos. Com uma vantagem agregada e jogando sob os seus domínios, o Sport era tido como o grande favorito para ratificar o resultado obtido no jogo de ida. O enredo até que seguiu a ‘lógica’ nos minutos iniciais, mas o percurso da partida justifica a célebre máxima: ‘Futebol é futebol’. 

Para o duelo decisivo, o comandante rubro-negro mandou a campo a mesma equipe que adentrou aos Aflitos. Pelo lado alvirrubro, por sua vez, três mudanças em relação ao último jogo: Sueliton, Danilo Pires e Wallace Pernambucano ocuparam, respectivamente, as vagas de Camutanga, Jorge Henrique e Odilávio. Era um Timbu com três volantes, mas que se propôs a jogar e bater de ‘frente’ com o adversário em plena Ilha do Retiro. 

Dentro de campo, clima tenso. Sueliton e Hernane foram expulsos antes mesmo de qualquer movimentação futebolística atraente. Mas aos 15 minutos, pênalti para o Sport. Guilherme - que havia sofrido a penalidade - bateu firme e abriu o placar. Àquela altura, na cabeça dos rubro-negros, tudo se desenhava com perfeição: dois gols de vantagem, efervescência do estádio energizando os jogadores… mas não contavam com a reação do Náutico. E ela veio. 

Na reta final do primeiro tempo - para pilhar ainda mais o confronto - Diego Silva arriscou de longe, a bola desviou e morreu no fundo do barbante do gol defendido por Mailson. Era o empate alvirrubro. O lance gerou muita discussão por parte dos jogadores do Sport, que alegavam haver irregularidade na origem da jogada. No entanto, o árbitro Ricardo Marques Ribeiro não deu ouvidos para os questionamentos e validou o tento. Antes do intervalo, o Timbu, com Wallace Pernambucano, quase chegou à virada após finalização do ‘tanque’, que esbarrou na trave. Pode-se dizer que, pelas circunstâncias, o Sport foi salvo pelo ‘gongo’. 

Na etapa complementar, o Sport conseguiu contornar o ímpeto ofensivo do Náutico. Sem grandes emoções, a partida caminhava morosamente para os minutos finais. Daí, veio o ‘plot twist’. Aos 36 minutos, o paraguaio Jorge Jiménez, que entrou no decorrer do jogo, completou o primoroso cruzamento de Hereda e cabeceou para o gol. Era o resultado mínimo que os alvirrubros precisavam para manter-se vivos na luta pelo título. Com o placar de 2 a 1, a finalíssima precisou ser decidida nas penalidades máximas. De um lado, Mailson. Do outro, Bruno. Ambos jovens. Melhor para o rubro-negro. 

Afiado nas cobranças, o Sport não desperdiçou nenhum pênalti sequer. Não chegou nem ao quinto chute na marca da cal. Élton, Norberto, Rafael Thyere e Ronaldo converteram as suas respectivas batidas. O Náutico, por sua vez, parou em Mailson. Sendo mais direto, Rafael Oliveira e Diego Silva tiveram seus chutes defendidos pelo ‘pupilo’ de Magrão, que, pouco antes da disputa, deu as coordenadas para o jovem. Era o fim. Sport campeão e, de quebra, tabu prolongado. 

Tags: Campeonato Pernambucano Ilha do Retiro sport náutico aflitos pênaltis