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VIOLÊNCIA

Luta contra o vandalismo das Organizadas vem de muito tempo

Em 2020, justiça determinou extinção das três principais torcidas organizadas de Pernambuco

postado em 03/02/2025 07:41 / atualizado em 03/02/2025 07:47

<i>(Foto: Reprodução Redes Sociais )</i>
"Justiça determina extinção das três principais torcidas organizadas de Pernambuco". Essa foi a manchete do Caderno de Esportes do Diario de Pernambuco no dia 18 de fevereiro de 2020. Atendendo a um pedido feito pela Procuradoria Geral do Estado, o juiz Augusto Sampaio Argelim, da 5ª Vara da Fazenda Pública da Comarca do Recife, decretou na época a extinção das uniformizadas mais violentas de Sport, Náutico e Santa Cruz. 

Na decisão, as três facções, que já estavam impedidas de frequentar os estádios pelo longo histórico de violência, agora também teriam encerrados os seus Cadastros Nacionais de Pessoa Jurídica (CNPJ), ficando assim impossibilitados de exercerem quaisquer atividades comerciais. Elas também teriam suas contas bancárias bloqueadas e as sedes fechadas.

Porém, cinco anos depois, a violência segue imperando. No último sábado (1/2), as organizadas de Santa Cruz e Sport transformaram várias ruas da Região Metropolitana do Recife (RMR) em praças de guerra, antes e depois do Clássico das Multidões realizado no estádio do Arruda e que teve vitória tricolor por 1 a 0. Um dos confrontos mais pesados ocorreu na Rua Real da Torre, na Zona Norte do Recife, mas em Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, e no Cabo de Santo Agostinho também houve confusão. 

A pancadaria generalizada deixou, até o último balanço divulgado pelo Hospital da Restauração, 12 feridos, quatro ainda internados, entre eles o presidente da principal uniformizada do Sport, João Victor da Silva, que foi espancado por membros da facção rival. De acordo com a Polícia Civil, 14 foram detidos por conta do vandalismo. 

Só em 2025, que ainda está no começo da temporada, foi o segundo episódio de violência no estado. No duelo entre Santa Cruz e Treze, no dia 4 de janeiro, torcidas de Santa e Sport se encontraram nas ruas e proporcionaram mais cenas de terror.
 
 
BURLANDO A JUSTIÇA 

Apesar de haver a determinação da Justiça da extinção e da proibição de acesso aos estádios, as uniformizadas sempre acabam dando um jeito. Seja trocando o nome da torcida e até deixando as camisas sem nome, apenas nas cores que as caracterizam. Prova disso é que faixas ainda são estendidas em dias de jogos nos estádios, exibindo os nomes das respectivas organizadas. 

A cada ato violento, os clubes sempre tentam expressar que não têm ligação com as facções, mas dois episódios em dezembro do ano passado chamaram a atenção. No Sport, membros da referida torcida realizaram um treinamento de luta dentro da sede da Ilha do Retiro. Tudo bem registrado nas suas redes sociais. No Náutico, a principal organizada fez uma festa de aniversário na sede social dos Aflitos. 

JOGOS SEM TORCIDA 

A cada episódio de violência que choca a sociedade, a medida mais comum tem sido obrigar os clubes a jogarem de portões fechados. Foi exatamente essa determinação tomada pela Governadora Raquel Lyra no último sábado, após as confusões no Clássico das Multidões. Santa Cruz e Sport vão disputar os próximos cinco jogos sem a presença de seus torcedores. A medida já vale para o jogo Sport x Fortaleza, nesta terça-feira (4/2), pela 2ª rodada da Copa do Nordeste, na Ilha do Retiro. 

Lembrando que foi exatamente em um Sport x Fortaleza que Pernambuco viveu um dos seus piores dias. No dia 22 de fevereiro do ano passado, o ônibus da delegação do Tricolor do Pici foi apedrejado por vândalos da torcida organizada do Sport, enquanto o veículo percorria a BR 232 em direção ao Recife. O jogo foi na Arena de Pernambuco. 

Como consequência, o Leão acabou punido com oito partidas de portões fechados, punição que foi reduzida pela metade pela Justiça Desportiva depois. Os sete homens presos por participação no atentado foram soltos pela Justiça três meses depois. Os acusados respondem ao processo em liberdade, cumprindo algumas medidas cautelares.

CADASTRAMENTO 

A nova aposta das autoridades para combater a violência é o cadastramento dos torcedores. O Secretário de Defesa Social de Pernambuco, Alessandro de Carvalho, defendeu a implantação da biometria. "Precisamos enfrentar esse problema de maneira forte. Ter o controle daqueles que compram o ingresso, saber quem foi, ter a biometria, que é uma exigência de lei e que precisa ser empregada para que a gente separe o torcedor daquele que quer cometer o crime. A decisão de suspender a presença de torcedores de Santa Cruz e Sport nos próximos cinco jogos é para que a gente busque contatos com os clubes e a Federação para que as medidas sejam implementadas. As torcidas organizadas precisam ter seus integrantes cadastrados e isso os clubes não fazem”, afirmou Alessandro de Carvalho.

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