
Antes do início da temporada 2024, a expectativa dos torcedores era em cima do duelo entre Sport e Santa Cruz, visto por muitos como desproporcional. De um lado, a maior folha salarial do Estadual e com jogadores rodados e conhecidos do cenário nacional. Do outro, um time que se renovou por completo e que chegaria para o Pernambucano bem abalado, após a eliminação da Copa do Nordeste para o modesto Altos/PI. Então, o rubro-negro se apresenta como favorito? Seria, sim, mas até a segunda página.
Neste sábado, na Arena de Pernambuco, Leão e Cobra Coral entram em campo em situações bem diferente do que todo mundo previa. Teremos um Sport pressionado, que vem de duas partidas fracas, a última levando um “vareio de bola” do Retrô. Enquanto isso, o Santa Cruz embalou neste Estadual, divide a liderança, motivando e animando seu torcedor. Olhando para os treinadores, Mariano Soso ganhou “uma tonelada” de desconfiança da torcida leonina, enquanto que Itamar Schülle tem o grupo na mão e o do torcedor coral. A segunda página, que falei lá atrás, aponta mais para o equilíbrio. Nas casas de apostas, difícil apontar a vitória para um dos lados. E vão as questões: a derrota para o Retrô mexeu com o ambiente do Sport? Soso mantém os três zagueiros? Teve tempo para arrumar a cabeça dos atletas? Será que o Santa Cruz irá ser o mesmo time ousado que vimos nos dois últimos jogos? Schülle mantém seu trio ofensivo? E a defesa tricolor continuará segura contra o rival? Dúvidas que serão respondidas neste sábado. Acredito que vamos ter um duelo nervoso: o Sport precisa mostrar poder de reação e o Santa Cruz não pode se afastar da parte de cima da classificação. Promessa de jogão!
O que é clássico
Um jogo de futebol ganha o nome de "clássico" pela história, tradição, títulos e torcida. O América/PE tem embates contra os grandes com denominações históricas. Contra o Náutico, é conhecido como "Clássico da Técnica e da Disciplina" e contra o Sport, a partida é o "Clássico dos Campeões", que remonta dos tempos em que as duas equipes eram de maiores títulos estaduais. Como jornalista, historiador e pesquisador, respeito toda a história e vou combater para que não se perca no esquecimento do torcedor. O Mequinha tem história, tem tradição, tem títulos e tem uma pequena e fiel torcida.
Trabalho sólido
Claro que títulos não colocam um clube na prateleira mais alta. O caso do Salgueiro, campeão estadual em 2020, é emblemático. Hoje, o Retrô é uma força estadual, com uma estrutura impressionante. Caminha para ser um dos grandes do Estado. Mas não é clássico contra o Trio de Ferro da Capital. Terá que manter esse trabalho sólido nos próximos anos para virar um.
Outros exemplos
O São Caetano, clube paulista, foi uma força no Brasil no final dos anos 1990 e início de 2000. Chegou ao vice da Libertadores. Porém, ninguém da própria imprensa colocava que um jogo do Azulão era um clássico contra um dos quatro grandes. Infelizmente, o São Caetano não se estruturou e desapareceu do cenário nacional. Até o RB Bragantino, com o peso de uma estrutura internacional por trás, não virou clássico contra o quarteto paulista.