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SANTA CRUZ

Um mês de Martelotte: retorno conturbado, conquista do elenco e retomada na Série D

Treinador coral vive sua quinta passagem na área técnica do Arruda

postado em 09/06/2022 08:21 / atualizado em 09/06/2022 13:53

<i>(Foto: Rafael Vieira/DP FOTO)</i>
Desabafos. Clube exposto. Demissões. Insatisfações no elenco. Desajustes dentro de campo. Há um mês, Marcelo Martelotte retornava ao Santa Cruz para viver a sua quinta passagem na área técnica do Arruda. Na época, pela frente, um cenário que, apesar de conturbado, não fugia da realidade de outros encontros do treinador de 53 anos com o Tricolor. Como o próprio afirmou, em sua mais recente apresentação oficial, 'nunca trabalhou com facilidade' no time coral. 30 dias depois, o comandante mostra, realmente, entender o funcionamento do clube.

Isso porque, passado um mês, o Santa Cruz parece ter deixado para trás boa parte dos problemas. Ou, ao menos, ter assimilado melhor os obstáculos da atual temporada, um dos mais difíceis da história centenária coral. Entregue à Série D e com um calendário enxuto no ano - fora das Copas do Brasil e do Nordeste -, a possibilidade do acesso de divisão é vista como a salvação das finanças do Tricolor. E a missão muito passa pelas decisões de Martelotte.

O que tem sido uma notícia, já que pouco restou daquele cenário complicado do início do mês de maio. Dessa forma, o Esportes DP destrincha, abaixo, cinco pontos determinantes no trabalho do técnico Marcelo Martelotte neste primeiro mês à frente do Santa Cruz em 2022: 

1- Parceria com Zé Teodoro

<i>(Foto: Rafael Vieira/DP FOTO)</i>
A nivel de confiança, uma das maiores apostas da diretoria coral no ano. Em meio às incertezas trazidas com as saídas do ex-técnico Leston Júnior e do executivo de futebol Marcelo Segurado, o presidente Antônio Luiz Neto já não enxergava mais margem para erro. E optou por acreditar naqueles que conheciam, de fato, o Santa Cruz. A dupla formada por Marcelo Martelotte e Zé Teodoro voltou ao clube ostentando um vasto currículo de conquistas pelo Tricolor.

Enquanto o treinador retornou pela quinta vez para o comando coral, sendo a mais recente na temporada 2020, Zé, agora como coordenador técnico, voltou a vestir as três cores após 10 anos. E a experiente parceria, mesmo que em pouco tempo, tem rendido bons frutos. Para além dos resultados em campo, jogadores já destacam os aprendizados com a presença dos veteranos na rotina.
 
2- Trato com o elenco

<i>(Foto: Divulgação/Santa Cruz)</i>
Com poucos dias de clube, Martelotte já entendia o desafio que tinha pela frente: conhecia pouco do grupo que tinha em mãos. Diferentemente de outros encontros com o Tricolor, quando reencontrou 'velhos conhecidos', desta vez não tinha trabalhado com nenhum atleta presente. Um trabalho quase que do zero, já que o treinador pegou um elenco pronto. Montado e avaliado por outros profissionais. Martelotte, então, avisou que iria fazer testes. 

Em sua partida de estreia, na derrota contra a Jacuipense, pouco mexeu no escalação titular. Teve apenas três treinamentos com o elenco. Já no segundo jogo, mudou mais da metade do time, entre trocas de jogadores e mexidas táticas. No gol, trouxe Jefferson, após quatro meses, de volta ao posto de titular. Na lateral-direita, viu Edson Ratinho retomar o bom futebol e assumir a posição. Ainda, tem feito bom uso da versatilidade de peças como o volante Daniel Pereira e o meia-atacante Wescley. 

3- Reconquista de Gilberto 


<i>(Foto: Rafael Melo/SCFC)</i>
Tido como um dos principais líderes do elenco, Gilberto foi uma das vozes do desabafo coletivo encabeçado pelo ex-técnico Leston Júnior. A situação se deu em um pronunciamento pós-jogo da primeira vitória do Santa Cruz na Série D, contra o Atlético de Alagoinhas, no Arruda. Numa sala de coletiva mais cheia do que de costume, o volante representou o restante do elenco - também presente - e denunciou questões como atrasos salariais e condições de trabalho, além de afastar a ideia de 'corpo mole' por parte do grupo.

O momento motivou as demissões de Leston e do executivo de futebol Marcelo Segurado. Decisão que não agradou os jogadores, que se pronunciaram na publicação oficial do clube em rede social. Gilberto, mais uma vez, esteve à frente. À época, escreveu 'qualquer decisão iremos juntos', tornando pública a possibilidade de deixar o Arruda. No entanto, a situação, no final, foi contornada e o volante selou sua permanência.

Reconquista a ser comemorada, já que, hoje, Gilberto, além da liderança dentro do plantel, tem recuperado o seu futebol pós-lesão. No último jogo, inclusive, na vitória por 1 a 0 contra o Sergipe, voltou ao posto de titular e fez uma das suas melhores apresentações com a camisa do Santa Cruz. Após a partida, Martelotte rasgou elogios à atuação do camisa 5.  
 
4- Saídas e chegadas


<i>(Foto: Rafael Vieira/DP FOTO)</i>
O 'fico' de Gilberto, contudo, não se aplicou a outros atletas do elenco. Nomes como o do lateral-direito Marcos Martins, do meia Esquerdinha e do atacante Mateus Anderson deixaram o clube. Perdas que, apesar de pontuais, desfalcaram a equipe coral em todos os setores do campo. Nem todas as baixas tinham o status de titular, é verdade, mas foram prontamente repostas. Um pedido de Martelotte ainda em sua apresentação. 

Desde então, entre reposições obrigatórias e oportunidades de mercado, sete novas contratações chegaram ao Arruda. Na zaga, Alemão e Doni foram apresentados. Na lateral direita, Jefferson Feijão. Na meia, Guilherme Castro e Anderson Ceará - reforço mais recente - foram os escolhidos. Mais à frente, os atacantes Lucas Silva e Hugo Cabral se apresentaram. Todos à disposição da comissão técnica. 

5- Retomada na Série D

<i>(Foto: Rafael Vieira/DP FOTO)</i>
Em termos de tabela, Marcelo Martelotte não lidou com grande prejuízo. Assumiu a equipe logo após a primeira vitória na Série D, em uma virada importante no Arruda, diante da torcida coral. Na oportunidade, o resultado foi respiro dentro de campo que antecedeu o caos dos bastidores. Contudo, para além dos números, o novo comandante precisou trabalhar para reconquistar a confiança do grupo, até então abalado. 

E conseguiu. Aos poucos, entre treinos e jogos, Martelotte parece estar colocando, enfim, o time do Santa Cruz nos trilhos. No último domingo, na vitória contra o Sergipe, a equipe fez o sua melhor partida no Brasileiro. Imponente, o Tricolor venceu e convenceu, como há muito não acontecia. Não sofreu gols, balançou as redes e se mostrou consistente. Na coletiva pós-jogo, o técnico destacou o processo de evolução dos atletas e, consequentemente, na tabela. Com oito pontos conquistados, alcançou a terceira colocação e entrou no G-4 pela primeira vez. 
 
Números corais desde o seu retorno: 
 
Jacuipense 2 x 0 Santa Cruz
Santa Cruz 2 x 1 CSE
Sergipe 1 x 1 Santa Cruz
Santa Cruz 1 x 0 Sergipe

Gols feitos: 4
Gols sofridos: 4
Posição atual: 3º colocado 

Aproveitamento: 58% 

Tags: Série D Santa Cruz Marcelo Martelotte treinador