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FUTEBOL NACIONAL

Após uma década no comando, Evandro Carvalho diz que a FPF 'foi a federação que mais cresceu no país'

Em entrevista exclusiva concedida ao Esportes DP, o presidente abordou, entre outros assuntos, o ano trágico do Trio de Ferro pernambucano

postado em 03/01/2022 09:44 / atualizado em 03/01/2022 09:56

<i>(Foto: Tarcísio Augusto/Esportes DP )</i>
O futebol pernambucano teve uma temporada conturbada. Vivendo os efeitos da pandemia da Covid-19 nos cofres, os clubes da capital e do interior do estado conviveram com dificuldades dentro e fora de campo e, assim, não cumpriram seus respectivos objetivos. Pelo contrário: em 2021, Pernambuco soma dois rebaixamentos e precoces eliminações na Copa do Brasil, Nordestão e Série D. 

No Trio de Ferro do Recife, a situação calamitante se arrasta às esferas políticas dos clubes. Nesta temporada, Sport, Santa Cruz e Náutico sofreram processos eleitorais traumáticos que custaram tempo e parte do planejamento. Para fazer o balanço do ano do futebol pernambucano, a reportagem do Esportes DP conversou com o presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho, sobre os altos e baixos de 2021.

DESEMPENHO PERNAMBUCANO EM 2021

O desempenho foi ruim. Óbvio que os clubes caíram um pouco de produção, em especial o Santa Cruz, que caiu à quarta divisão, e o Sport, que também foi rebaixado. Em relação à Federação, ela cumpriu todos os objetivos e atingiu os recordes previstos. A Rede Globo nos parabenizou pela maior audiência dos estaduais no Brasil e confirmou o nosso contrato na televisão aberta. Único campeonato transmitido pela televisão aberta no país será o nosso. Os outros, somente via Pay-per-view. Conseguimos estabelecer o calendário que hoje é o segundo maior do Brasil, com competições sub-13, sub-15, sub-17, sub-19, sub-20, feminino, interior e amador da capital. Então, nossas metas, de gestão da federação, foram 100% cumpridas. Infelizmente, os clubes não tiveram o mesmo resultado. 

A FEDERAÇÃO É RESPONSÁVEL PELO FRACASSO?

Temos total responsabilidade. Absoluta. Integral. Aportei R$ 12 milhões de investimento nos clubes nos últimos anos, o que foi pouco. Eu preciso conseguir me equiparar às outras federações que recebem o recurso público. Por exemplo, a Paraíba recebe R$ 9,8 milhões, já o Pará e o Amazonas R$ 12 milhões. Os outros, entre R$ 10 e R$ 14 milhões. E eu só consegui R$ 12 milhões nos últimos quatro anos. Isso é muito pouco comparado aos estados que recebem anualmente e cria um déficit. Em tese, não é nossa obrigação, nossa tarefa, mas sempre me considerei 100% responsável em alavancar recursos para os nossos clubes profissionais. Isso sempre foi nossa tarefa. 

Até por minha formação como advogado de mercado, sempre tive o foco em gerar receitas para os clubes. Conseguimos, neste ano, fazer mais uma ação inédita no Brasil. Iremos custear não só o VAR, mas a arbitragem do Campeonato profissional. Já fizemos isso na Série A2. Mas será uma ajuda grande para os clubes, que economizam. Porém tudo isso não tem importância quando os clubes não alcançam resultados nacionais. Tudo fica esquecido e perde a relevância quando algum clube nosso é rebaixado. 

COM O CALENDÁRIO APERTADO, O ESTADUAL AGONIZA?

Não há o que fazer (quanto ao calendário apertado) porque é uma decisão judicial. Na medida que houve uma decisão judicial que determinou a obrigação da CBF tirar 12 datas do estadual, de janeiro a abril, estrangulou todos os estaduais de Pernambuco, Bahia e Ceará. O Ceará copiou o nosso modelo antigo, de fazer os intermediários jogarem antes e haver um quadrangular final com Fortaleza e Ceará. Fizemos isso, fomos pioneiros nesse sentido, mas houve uma reclamação muito grande por parte da imprensa. 

E, assim, deixamos a ideia. A Bahia conseguiu antecipar o estadual para o dia 15 e ganhou três datas. Não conseguimos porque Sport e Náutico não quiseram. Preferiram, mesmo com o risco de atuarem no mesmo dia, iniciar o campeonato no dia 22. Mas isso tudo acaba em 2023, quando voltaremos a ter nossas datas, porque acaba a imposição da decisão judicial.

AVALIAÇÃO DOS 10 ANOS DE GESTÃO NA FPF

Nesses 10 anos, a FPF foi a federação que mais cresceu no país, teve melhores resultados e a primeira a implantar sistema online e offline de gestão com sistema da Fifa. Enfim, em termos de gestão, algo que não repercute em Pernambuco, nós fomos tidos como a federação que teve o maior crescimento e qualidade de gestão. Mas isso não vale nada quando o clube é rebaixado. Se os clubes tivessem ascendido e permanecido nas divisões de cima, a FPF teria maior destaque internamente. Somos conhecidos externamente, pelas outras federações, por causa do número de competições e tecnologia utilizada. Também por causa dos nossos atletas são todos cadastrados, com chip e carteira de identificação. Já fazem parte do calendário e de recursos de atletas para efeito de transferência no futuro. Independente do clube ser formador ou não, teremos jogadores como Thiago, que o clube formador dele, antes do Náutico, irá receber parte do recurso. Isso praticamente nenhum estado do Brasil tem. Mas não vale absolutamente nada quando o clube é rebaixado.

O FUTEBOL BRASILEIRO CAIU NOS 10 ANOS?

Não é isso que a Fifa diz. O Brasil é o único país entre as sete potências mundiais que mantém a maior média, no século, de qualificação em termos de ranking. É o país que tem mais conquistas. Ano passado e retrasado, conquistamos quatro títulos mundiais. Entre várias categorias. A Fifa diz exatamente que o nosso futebol cresce ano a ano. Se bem que é subjetivo. Alguém ou algum setor da imprensa pode achar o contrário. Há pessoas que detestam Tite, dizem que é o pior treinador do Brasil. Já a Inglaterra e o fórum dos quatro países da Europa elegeram Tite o melhor treinador do mundo. Isso é muito subjetivo.

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