Na Rosa e Silva, a campanha pela competição regional não durou muito após a pausa: no retorno do futebol, foi, novamente por uma diferença de três gols, superado pelo Bahia e não se classificou à fase decisiva do torneio. No Pernambucano, embora tenha regressado com imponente vitória diante do Salgueiro, terminou a primeira etapa na quarta colocação, no mata-mata, no entanto, foi eliminado diante do Santa Cruz na semifinal.
Principal objetivo estabelecido pelos alvirrubros na temporada passada, o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro logo se tornou um sonho improvável. Ainda sob o comando de Gilmar Dal Pozzo, o time demorou para engrenar na competição e largou distante do grupo de elite nas primeiras rodadas. Contratado para suprir a ausência do demitido Dal Pozzo, não demorou para Gilson Kleina também deixar o comando técnico do clube - à época afundado no Z4.
Com a chegada de Hélio dos Anjos, o Timbu estabeleceu um novo e palpável objetivo: somar o máximo de pontos nos jogos em casa e se afastar da degola. O impressionante aproveitamento de 84% dos pontos disputados nos Aflitos e, consequentemente, a saída da zona de desconforto na 34ª rodada demonstraram a força da casa alvirrubra mesmo sem a proximidade dos fanáticos, que torciam de casa.
CLÁSSICO SEM MULTIDÕES
Neste domingo (14), Santa Cruz e Sport protagonizaram o 562º episódio da história centenária do maior clássico nordestino - o segundo sem multidões nas arquibancadas. O empate sem muitas emoções não repetiu o clima da última vez que os eternos rivais se enfrentaram com festa e aglomeração nas arquibancadas. Há pouco mais de um ano, 7 de março de 2020, em espetáculo pela Copa do Nordeste para 14 mil torcedores, o Leão venceu, com gol de Élton, a Serpente na aglomerada Ilha do Retiro.
Um dos milhares de presentes na última tarde de clássico com espectadores no estádio, o estudante Renan Cunha lembra, com saudosismo, o embate e lamenta os dias longe da Ilha. “Eu era muito feliz acompanhando clássicos, pelo sentimento da angústia, da ansiedade, do frio da barriga, do cazá-cazá. Sinto falta disso. Mas é em respeito ao lugar que me deu recordações inenarráveis que temos de nos afastar. Eu vejo a Ilha do Retiro de longe, pensando que quando isso tudo passar eu quero estar ao lado do Sport. Mas, por respeito às vidas, temos de nos distanciar do que amamos. Esse é o preço do amor”.
No futebol, falar em saudade é recordar craques do passado, taças levantadas, bolas que poderiam ter entrado. Curiosamente, após o decreto que estabeleceu o impedimento da entrada de público nos estádios, Sport e Santa Cruz, ainda em março, entraram em campo pelo Campeonato Pernambucano. A última vez, há um ano exato. Já sem torcedores no cimento do Arruda, o Tricolor recebeu o Decisão e venceu, sem dificuldades, por 2 a 1.
Somando 65 jogos que poderiam ter acontecido com festa nas arquibancadas de Pernambuco, cerca de 350 mil pessoas deixaram de gritar, torcer, chorar: enfim, se emocionar.
Para cessar a saudade de frequentar as arquibancadas, o Sport, durante o clássico deste domingo, lançou a campanha #VacinaSim, que visa incentivar a imunização em massa no estado e, consequentemente, um retorno mais breve do público nos estádios. Assim como a ausência dos torcedores na arquibancada, a campanha é uma declaração à vida e a única maneira de promover o aguardado reencontro com os fanáticos.
